dezembro 23, 2004
Pirataria viral
novembro 30, 2004
Uff...
Façamos votos para que, em Fevereiro de 2005, o país regresse ao século XXI, de onde nunca deveria ter saído pela mão de Lopes, Portas, santanettes várias e companhia, quase toda muito pouco recomendável.
novembro 28, 2004
Venham cavacos. O país precisa.
Andou tanta gente a sacrificar-se no século XX para chegarmos a isto?
novembro 25, 2004
novembro 19, 2004
A caminho de 2046
novembro 18, 2004
A cor das notícias
Para os cidadãos que se querem esclarecidos, desta história ficou também um boa moral: é preciso ter muito cuidado com as cores que as notícias trazem atrás de si.
novembro 17, 2004
Martelada na foice
novembro 15, 2004
bora lá com a Cinha!
Um conto budista
O realizador, o sul-coreano Kim Ki-duk, sintetiza desta maneira: «Tentei retratar a alegria, a ira, a tristeza e o prazer das nossas vidas através de quatro estações e através da vida de um monge que vive num templo rodeado apenas pela natureza.»
Desta obra muito haveria a dizer e a escrever, sendo certo que alguns sentidos da espiritualidade oriental nos escapam, certamente, a nós, ocidentais. Mas o mínimo que se pode dizer é que este é um filme que nos lava a alma.
A não perder, portanto. Está em exibição no Porto, no (em muito boa hora) renovado cinema Passos Manuel. O site que a Sony fez para Primavera, Verão, Outono... e Primavera merece também uma espreitadela.
novembro 11, 2004
As telas do Porto
A vaga de encerramentos de salas nos últimos anos deixou a Invicta na mais absoluta penúria, com menos de meia dúzia de espaços. O povo fugiu todo para os shoppings de Gaia, Matosinhos, Gondomar, onde se empanturra alegremente com pipocas e cinema de Hollywood.
O cartaz de cinema de hoje, no entanto, oferece uma alternativa prometedora: o cinema Passos Manuel, ali ao lado do Coliseu, reabriu e parece apostar em cinema com "C" grande. Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera, de Kim Ki-duk, é um excelente pontapé de saída.
O mesmo proprietário do Passos Manuel também é o responsável pela programação da sala-estúdio do Teatro Campo Alegre. Lá poderemos ver Segunda de Manhã, de Otar Iosseliani.
Estes dois filmes há muito foram exibidos em Lisboa. Caso o Passos Manuel e a sala-estúdio do Campo Alegre não existissem, provavelmente não seriam mostrados no Porto. Pelos menos, tão cedo.
Apesar destes passinhos positivos, a cidade continua a precisar de uma cinemateca como de pão para a boca. Mas se nem um mísero canal de televisão regional consegue aguentar...
novembro 06, 2004
Lenha para a fogueira
No Expresso, a crónica de Clara Ferreira Alves é de leitura obrigatória. Título: Os «merdia».
novembro 05, 2004
Os mandamentos de Savater
Fernando Savater, Os Dez Mandamentos no Século XXI.
novembro 04, 2004
Dedo em feridas do jornalismo
Primeiro: há uma relação de "promiscuidade" entre os jornalistas e os governos. Não serão todos os jornalistas, nem sequer a maioria, mas os que existem são em número suficiente para dar cabo do bom nome da profissão. O recente desfile de misérias na Alta Autoridade para a Comunicação Social trouxe muito deste lixo à superfície. Entretanto, a passeata obscena entre redacções e assessorias de todo o tipo prossegue, perante a apatia inexplicável, e escandalosa, do Sindicato dos Jornalistas.
Segundo: Vital Moreira defende a criação de uma entidade reguladora e fiscalizadora dos profissionais da comunicação social. É evidente que essa entidade já há muito deveria existir. Talvez não se tivesse chegado ao pântano em que hoje boa parte do jornalismo nacional está enterrado. O jornalismo anda hoje em roda livre, entregue a si próprio e a uma mirífica "auto-regulação" que só serve para os jornalistas se enganarem a si próprios, enquanto as condições de exercício da profissão se vão deteriorando gravemente a vários níveis. É uma verdade tão simples quanto estapafúrdia: o jornalista que viola o código deontológico da profissão não tem qualquer sanção. Pelo menos, que se veja...
novembro 03, 2004
Pobre América
outubro 28, 2004
Site do Clube de Jornalistas
outubro 26, 2004
O comissariado mata
Cadeira eléctrica
O cargo de director do DN é agora uma cadeira eléctrica. Quem para lá for, queima-se.
outubro 23, 2004
Criaturas dos média
Uma escolha intrigante
outubro 21, 2004
De leituras: valores jornalísticos
outubro 20, 2004
Gente perigosa
O ministro Morais Sarmento veio agora assumir que «deve haver uma definição por parte do poder político acerca do modelo de programação do operador de serviço público» e que deve «haver limites à independência» dos operadores públicos. Donde, para ele, é o governo que deve responder pela RTP, mesmo ao nível da informação. Credo!
Todos estes meios estão hoje ao alcance de gente manifestamente perigosa, perigosa porque tem a noção exacta do que está a fazer com o poder que tem e não tem vergonha na cara. Gente para quem a manutenção no poder é prioridade suprema, custe o que custar ao país, às liberdades e aos cidadãos.
outubro 17, 2004
Burocracia assombrosa
Gerrit Komrij, escritor holandês, em Um Almoço de Negócios em Sintra.
outubro 14, 2004
Clara no DN?
A confirmar-se, é uma excelente notícia. Segundo adianta hoje o Jornal de Negócios, Clara Ferreira Alves é a nova directora do Diário de Notícias. Trata-se de uma boa notícia por várias razões.
Primeira: Ferreira Alves é uma jornalista. Vai substituir no cargo um assessor, que foi posto por engano à frente do DN, com os resultados desastrosos que se conhecem, em termos de desgaste de credibilidade do título e quebra acentuada de vendas.
Segunda: ela escreve lindamente. Tem uma cabeça arejada e uma prosa de primeira água. A "Pluma Caprichosa" não tem papas na língua.
Terceira: Esperemos que a notícia do Jornal de Negócios, Clara Ferreira Alves é a nova directora do «Diário de Notícias», se concretize mesmo.
Leitores de jornais cautelosos com blogues
Esta é a síntese principal das respostas que leitores de jornais deram a um grupo de editores nos Estados Unidos. A sondagem foi feita pela Associated Press Managing Editors' National Credibility Roundtables Project.
Os leitores que consideram os blogues importantes dizem que os bloguistas discutem estórias que os jornalistas dos media tradicionais ignoram (uma realidade sobremaneira patente em Portugal) e mostram vontade de questionar as decisões que as cadeias de informação tomam.
Ligações
APME Survey: Newspaper Readers Use Blogs Cautiously
outubro 13, 2004
De ouvido: Rammstein
É preparar os ouvidos para o metal e ver o clip do tema Amerika (no fundo da página que aparece, clicar na opção webclips). Amerika ist Wunderbar!
outubro 12, 2004
Concentração dos media: o grande mal
Entretanto, graças à absoluta inépcia política dos governos PS e PSD nesta área, a par dos fretes que trataram de fazer a grupos empresariais, o maior dos males está feito e nem uma super-Alta Autoridade será capaz de contornar os enormes problemas levantados pelo simples facto de a maioria dos media que contam para o Totobola estarem hoje nas mãos de menos de meia dúzia de grandes "patrões". Nunca passou por estas cabecinhas partidárias o mal que daqui advém para a boa saúde democrática da própria sociedade. Enfim, trocos. Pode Jorge Sampaio continuar a sonhar com o fim da "censura"...
A maior factura paga pela concentração excessiva dos media (problema que não é exclusivo de Portugal, longe disso) é paga pelos jornalistas, amordaçados entre os ditames empresariais, em geral mais fortes do que os princípios jornalísticos, e a necessidade absoluta de manter o posto de trabalho face a um mercado de emprego saturado, medíocre e sem grandes hipóteses de escolha. O pânico de "ficar queimado" anda à solta.
Os jornalistas estão calados, receosos, divididos, profissionalmente desregulados, e ainda por cima mal representados pelo Sindicato dos Jornalistas. Mas há muito boa gente por essas redacções fora que acha que assim é que está bem. Então, está bem.
outubro 10, 2004
Bordoadas
E ainda esta notícia do Público: "Nomeação de Delgado provoca demissão de Silva Peneda da Lusomundo Media".
Isto está bonito, não está?
outubro 08, 2004
Liberdade e servidão
Gotta Serve Somebody
Bob Dylan
You may be an ambassador to England or France,
You may like to gamble,
you might like to dance,
You may be the heavyweight champion of the world,
You may be a socialite with a long string of pearls
But you're gonna have to serve somebody, yes indeed
You're gonna have to serve somebody,
Well, it may be the devil or it may be the Lord
But you're gonna have to serve somebody.
You might be a rock 'n' roll addict prancing on the stage,
You might have drugs at your command, women in a cage,
You may be a business man or some high degree thief,
They may call you Doctor or they may call you Chief
But you're gonna have to serve somebody, yes indeed
You're gonna have to serve somebody,
Well, it may be the devil or it may be the Lord
But you're gonna have to serve somebody.
You may be a state trooper, you might be a young Turk,
You may be the head of some big TV network,
You may be rich or poor, you may be blind or lame,
You may be living in another country under another name
But you're gonna have to serve somebody, yes indeed
You're gonna have to serve somebody,
Well, it may be the devil or it may be the Lord
But you're gonna have to serve somebody.
You may be a construction worker working on a home,
You may be living in a mansion or you might live in a dome,
You might own guns and you might even own tanks,
You might be somebody's landlord, you might even own banks
But you're gonna have to serve somebody, yes indeed
You're gonna have to serve somebody,
Well, it may be the devil or it may be the Lord
But you're gonna have to serve somebody.
De leituras: liberdade de imprensa
outubro 07, 2004
Cantando e rindo
Enfim, cantando e rindo, o país vai-se afundando, alegremente.
outubro 06, 2004
Estamos a chegar à Madeira...
Infelizmente, meu caro Dâmaso, estamos mesmo a chegar à Madeira...
outubro 05, 2004
A negação da besta
De olhares: Margot num flash
Pois bem, não foi sem grande surpresa que, ao passar por um quiosque de uma rua do Porto, deparo com a bela Adjani, ícone deste filme, encimada por uma tarja vermelha a dizer "flash!". Flash!? Verdadeiramente flashante é descobrir que "flash!" é nome de uma revista, daquelas que traz na capa Fernanda Serrano fotografada à noite a sair de um hotel. A Fnac precisa de aprender umas coisas com esta gente, que me pôs o DVD nas mãos por 8 euros. Um preço justo. A gente assim não se sente roubada, né?
Posto isto, é muito mau sintoma que uma obra do calibre de A Rainha Margot chegue ao mercado de vídeo por via de uma revista oca. Nesta, como em muitas matérias (cada vez mais, quase todas), o dinheiro fala mais alto. Os escaparates das Fnac e das Worten estão esmagados por oferta hollywoodesca, o que nos deixa, a nós, sem grandes hipóteses de escolha.
A história de Margot começa em 1572. Deve ser por isso.
setembro 28, 2004
Volta, Vicente
setembro 27, 2004
TV sem remédio
setembro 24, 2004
Um muro na imprensa
«Confesso que ultimamente o "Diário de Notícias" anda muito arredado das minhas leituras diárias. Abro, por exemplo, a edição de anteontem na página 9, e ela é inteiramente constituída por três colunas de opinião de três propagandistas do Governo. É um bocado demais para a minha capacidade digestiva. Agora, com Henrique Granadeiro saneado politicamente e todo o grupo Lusomundo entregue a Luís Delgado, temo que a tendência seja para se reviverem os tempos - ideologicamente opostos, mas deontologicamente semelhantes - em que o "Diário de Notícias" era dirigido por Augusto de Castro ou pela dupla Luís de Barros/José Saramago. Desgraçada vocação!»
setembro 17, 2004
Cá se fazem, cá se pagam
PS contra Luís Delgado na Lusomundo Media
setembro 15, 2004
De leituras: jornalismo e aceleração
setembro 12, 2004
O Ocidente esquecido
Passados três anos sobre o 11 de Setembro, o Ocidente apercebe-se, com clareza crescente, do vespeiro terrorista internacional em que se meteu, sobretudo a partir do momento de loucura bushiana que foi a invasão do Iraque. Observação e pergunta pertinentes de Ali:
«O que está a acontecer no mundo não tem nada a ver com o 11 de Setembro. O que é que a guerra no Iraque tem a ver com o 11 de Setembro?»
Sobre a amnésia histórica do Ocidente:
«O mundo árabe olha e vê que o Ocidente o está a invadir uma vez mais. Colocam o mundo de hoje no seguimento de uma longa história que começa no século XI. A grande diferença entre o mundo ocidental e o mundo árabe é que no Ocidente a História desapareceu. As pessoas não estão interessadas na História, não querem saber. No mundo árabe, podemos ir a um café no Cairo, em Damasco, em Amã ou Bagdad e estão falar de História. É uma cultura muito diferente. Onde a História desempenha um papel enorme.»
Vale a pena ler o resto de "Ao Contrário do Mundo Árabe, no Ocidente a História Desapareceu"
setembro 11, 2004
Veneza não é o Texas
Jonathan Demme: «Na condição de americano, sinto que meu país está a ter muitos problemas, acho que nossos líderes nos conduziram num rumo errado, em muitos níveis.» (...) Sinto que nossos líderes realmente querem virar donos do mundo, por duas razões: Uma delas é que há lucros infinitos a serem auferidos pelo facto de ser dono do mundo. Outra é que, pelo facto de você possuir e controlar o mundo, ganha um descanso do medo.» (Reuters)
Wim Wenders: Os EUA são um território «invadido pela propaganda mas privado da verdadeira informação» - «uma 'no man's land' sem cultura, sem contacto com o mundo». (Ibid.)
setembro 05, 2004
Damásio, Espinosa e Nietzsche
setembro 03, 2004
De ouvido: Passion
O disco foi lançado em 1989. Voltar a ouvi-lo hoje, com a qualidade proporcionada pelo formato Super Áudio CD, é uma redescoberta muito gratificante. Há pormenores, nuances e espaços que se nos revelam pela primeira vez.
Trata-se de uma obra riquíssima em experimentações e fusões. Gabriel coloca sintetizadores planantes em harmonia com instrumentos arménios, alia melodias do Curdistão com as vozes, fabulosas, de Nusrat Fateh Ali Khan, Youssou N'Dour ou Baaba Maal. Enfim, um manjar para os ouvidos este Passion.
Como se escreve no All Music Guide, este álbum é um produto da contínua fascinação de Peter Gabriel pela música 'World', «música que ele emprega aqui para criar uma excepcionalmente bonita e atmosférica tapeçaria de som perfeitamente evocativa do ressonante drama espiritual do filme.»
setembro 01, 2004
Viagem no tempo
agosto 30, 2004
Boas notícias
agosto 27, 2004
Um murro no estômago
agosto 19, 2004
Brincar aos jornais
O actual director não foi posto por acaso, e contra tudo o que um mínimo de bom senso recomendaria, à frente do jornal. O ex-assessor de Cavaco e de Martins da Cruz foi posto lá para rentabilizar o seu capital de experiência acumulada. Na assessoria, evidentemente. O custo de credibilidade, como se sabe, foi, e continua a ser, muito elevado para o jornal. As vendas aí estão para o demonstrar. Nenhum jornal do mundo que se queira de referência pode cometer um erro tão básico e grosseiro como este.
Enfim, a história não ensina nada a esta gente, que se entretém a domesticar jornais como quem brinca às casinhas, marimbando-se por completo para a função social que o jornalismo deve ter. O problema é que, democraticamente falando, é uma brincadeira muito séria, pois o país precisa como pão para a boca de jornais sólidos e credíveis, sobretudo agora que as televisões destrambelharam por completo. Precisa de um DN e um Público fortes, a competir pela excelência, e não pelas migalhas de S. Bento.
Neste episódio da notícia 'impublicável', nem tudo é mau. Graça Henriques, editora-adjunta do Nacional, percebeu que houve cedência a pressões políticas e demitiu-se. Fez muitíssimo bem. A maior parte dos jornalistas da secção pôs-se ao lado dela. O seu editor pôs-se ao lado da Direcção. Pois...
agosto 18, 2004
De leituras: apertos na Internet
agosto 17, 2004
O fundo do jornalismo
E não há, de facto, grandes mecanismos, quer internos, quer externos, às redacções que assegurem uma efectiva responsabilização dos jornalistas em caso de atropelo a regras básicas da profissão. Há uma coisa nebulosa a que alguns académicos chamam 'cultura de redacção' que ainda vai travando alguns excessos, sobretudo em redacções onde a noção de profissionalismo é levada mais a sério.
A questão é esta: pode uma profissão (alguns acham que o jornalismo é apenas uma ocupação...) com impacto sobremaneira relevante na vida pública e na esfera privada viver sem regulação efectiva? Pode o jornalismo ser entendido como uma profissão onde vale tudo o que cada redacção deixar a cada momento? Sabendo-se, como se sabe hoje, que as leis selvagens da concorrência deixam o jornalismo de pantanas e colocam muitos jornalistas a fazerem de artistas de circo, vai continuar a acreditar-se no mercado para regular o 'espectáculo'?
É do interesse dos próprios jornalistas encararem estas graves questões de frente antes que alguém faça isso por eles. Mas, se o costume se mantiver, vamos continuar a vê-los caladinhos à espera que a má onda passe.
Sem responsabilização, sem mecanismos de punição para prevaricadores, sem travão para impunidades obscenas, a manter-se a lei da selva, o jornalismo tem o caminho certo em direcção ao fundo.
julho 30, 2004
De olhares: o cinema íntimo de Arcand
Duas obras-primas absolutas deste realizador canadiano foram agora lançadas no mercado de aluguer de DVD. Repita-se: O Declínio do Império Americano, de 1986, e As Invasões Bárbaras, de 2003, são duas obras-primas absolutas.
julho 29, 2004
Porrada velha no Bush
julho 22, 2004
Savater: sobre aves de rapina
Fernando Savater, Livre Mente.
julho 20, 2004
Fado arábico
Há quem tenha ido lá sobretudo pelo fado. Quando Khalil trouxe ao palco o seu alaúde misturado - magistralmente, diga-se de passagem - com jazz, alguns foram-se embora.
Quem foi sobretudo por causa de Khalil, ficou a conhecer de perto e ao vivo duas vozes magníficas do fado acompanhadas de forma impecável pelo contrabaixista Carlos Bica.
Com um humor contagiante, Khalil contou, na brincadeira, que Pais estava com os copos quando pensou juntar no mesmo palco dois fadistas portugueses e o músico libanês.
O espectáculo encerrou com Camané a cantar em português música árabe acompanhado de alaúde, tuba, bateria e acordeão. Memorável.
julho 16, 2004
Lapso governamental
julho 14, 2004
julho 12, 2004
De ouvido: há sábados assim
Lhasa teve, merecidamente, recinto cheio nos jardins do Palácio de Cristal (Pavilhão Rosa Mota é um nome horroroso), no sábado à noite. Ela tem uma voz lindíssima, um timbre ligeiramente rouco, marcante. Lançou até agora apenas dois álbuns, ambos obrigatórios para quem se deslumbra ao primeiro contacto com as suas canções. Cantou em inglês, francês, castelhano, tchecheno e... um fado. Uma bela descoberta.
Mark Turner veio ao Jazz no Parque de Serralves, também no sábado, ao fim da tarde, com o seu novo trio, Fly. Sax tenor, contrabaixo e bateria entenderam-se bem, tendo como pano de fundo o ruído ocasional dos aviões em aproximação ao aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Apesar disso, os músicos proporcionaram um bom espectáculo dentro de um jazz dinâmico, mas algo contido, pouco dado a tropelias histéricas, sobretudo por parte de Turner, de quem a revista Downbeat diz ser um dos 25 mais promissores músicos de jazz norte-americanos.
julho 10, 2004
Golpe presidencial
Alguém com o perfil de Santana Lopes não pode, pura e simplesmente, chegar a primeiro-ministro de um país que se quer civilizado e minimamente credível, por muito que a Constituição e o entendimento que o presidente da República faz dos seus poderes o autorize.
Além do mais, o processo de subida de Santana a primeiro-ministro foi tudo menos democraticamente legítimo. É um puro golpe de secretaria, para utilizar uma expressão mais suave do que a verberada pela ministra das Finanças, que falou em «golpe de estado».
A democracia portuguesa, que tanta pancada tem aguentado por parte de muitos 'agentes' políticos de refinada mediocridade, acaba de levar um valente pontapé no rabo. Resta-nos o consolo, e a sorte, de João Jardim não ser, por acaso, o vice-presidente do PSD...
Como diria Norberto Bobbio, o excesso de democracia pode matar a democracia. O desastre Santana/Portas é claramente excessivo. Bandeira a meia haste, por favor.
julho 08, 2004
De olhares: Dolls
.
Tem razão. Mas Dolls é também o mais belo do realizador japonês.
julho 07, 2004
Intelectuais da bola
O exercício deveria começar pela revisão do que foi escrito por alguns intelectuais da praça pública, alguns deles rendidos totalmente à glória da 'inteligência do movimento' dos jogadores, à 'filosofia de jogo' dos treinadores, ao 'êxtase orgásmico' do golo de Nuno Gomes. Mamma mia!
Para retemperar-lhes os ânimos, sempre muito pouco racionais, há um belíssimo texto a ler: 'Os heróis mitificados do Olimpismo'. Foi publicado no Monde Diplomatique de Junho e é assinado por um professor de sociologia, outro de ciências da informação e outro ainda de ciências e técnicas desportivas.
A fortíssima pedrada de Jean-Marie Brohm, Marc Perelman e Patrick Vassort no charco do desporto, em particular do futebol, reza, por exemplo, assim:
«A tal ponto que o desporto se exerce a partir de agora no mesmo registo das necessidades básicas - beber, comer ou dormir - e tornou-se o espaço-tempo quase exclusivo dessas multidões solitárias embrutecidas pela paixão do que não é essencial: um golo, um sprint, um ás. O desporto invadiu a vida quotidiana e para muitos indivíduos não há mais nada fora dele, a não ser o vazio abissal do jargão, televisionado, da inautenticidade.»
«A contaminação generalizada das consciências provém assim deste incessante matraquear desportivo-televisivo. Este, por intermédio das imagens infinitas impostas pelas tecnologias digitais que colocam cada indivíduo diante dos ecrãs (telefone portátil, home cinema, televisor, etc., celebra não apenas os novos ícones do desporto, mas destila de forma maciça a visão desportiva do mundo.»
«A ideologia da "neutralidade axiológica" nega violentamente o papel do desporto enquanto meio de embrutecimento, doutrinação e cloroformização das massas.»
E a cereja no bolo:
«Chega a ser confrangedor assistir ao modo como alguns intelectuais, geralmente mais críticos, se juntam à matilha dos fanáticos do músculo, incapazes de trazer à superfície as funções políticas reaccionárias desta desportivização dos espíritos, deste matraquear emocional falso em torno dos "nossos" campeões.»
julho 01, 2004
Voando sobre um ninho de cucos
Como se isso não bastasse, atira, de forma leviana e irresponsável, para o leme do país um gigolo político, acolitado por um miúdo com a adolescência mal curada que ambiciona chegar a ministro dos Negócios Estrangeiros. Este par de lunáticos merece, claro, todo o apoio de outros hóspedes deste ninho de cucos chamado Portugal: Alberto João Jardim, Isaltino Morais (lembram-se?), Valentim Loureiro, os autarcas do PSD, os betinhos do Pêpê...
Bom, já que o país está virado para a maluqueira total, aqui fica uma sugestão a Santana para o ajudar a escolher os seus novos ministros e até a inventar novos ministérios:
Vice-primeiro-ministro com a pasta das Adegas: Alberto João Jardim
Ministro dos Negócios Estranhos e da Nossa Senhora: Paulo Portas
Ministra das Finanças e da Estabilidade do Kremlin: Cinha Jardim
Ministro da Economia: Vale e Azevedo
Ministro do Desporto: Valentim Loureiro
Ministro da Defesa: Fernando Couto
Ministra da Saúde e dos Liftings Sociais: Lili Caneças
Ministro do Ambiente: Isaltino Morais, claro
Ministro da Agricultura: este ministério é extinto por manifesta falta de glamour
Ministério da Segurança Social: como isto é para acabar, o melhor é mesmo não perder tempo a nomear um ministro
Ministro da Justiça Arbitrária: Pinto da Costa
Ministro da Propaganda: Luís Delgado (o homem merece!)
Ministro da Educação: Avelino Ferreira Torres
Ministro da Administração Interna: Moita Flores
Ministro da Cultura: Chopin
junho 29, 2004
Bobbio: o exercício da democracia
Norberto Bobbio, O Futuro da Democracia.
junho 28, 2004
Ò Santana...
junho 25, 2004
Kafkianos
Da miséria psicológica de massas
Em 'O desejo asfixiado, ou como as indústrias culturais destroem o indivíduo', Stiegler oferece-nos um contributo precioso para o entendimento das consequências da actual, e preponderante, massificação global do indivíduo no contexto de sociedades que ele designa de hiperindustriais.
Algumas pontes para a leitura deste artigo:
«O capitalismo hiperindustrial desenvolveu as suas técnicas ao ponto de, diariamente, milhares de pessoas se encontrarem simultaneamente ligadas aos mesmos programas de televisão, de rádio ou de consolas de jogo. O consumo cultural, metodicamente massificado, não deixa de ter consequências sobre o desejo e as consciências. Ao mesmo tempo que se vai esfumando a ilusão do triunfo do individualismo, ganham nitidez as ameaças contra as capacidades intelectuais, afectivas e estéticas da humanidade.»
«Esta época, longe de ser caracterizada pela preponderância do individualismo, apresenta-se como a época do devir gregário dos comportamentos e duma generalizada perda de individuação.»
«É exactamente o que a sociedade hiperindustrial faz dos seres humanos; privando-os de individualidade, engendra rebanhos de seres que vivem com um profundo sentimento de mal-estar.»
junho 22, 2004
Assuntos sérios
O julgamento em tribunal de mulheres acusadas de aborto é um anacronismo medieval, um escândalo civilizacional. Os media estrangeiros de países um pouco mais civilizados deliciam-se dando estas notícias.
O escândalo da Casa Pia fez mais pela imagem de Portugal no exterior do que todas as missões do ICEP nos últimos 20 anos.
A ideia de estabelecer quotas para mulheres nas faculdades de medicina é, no mínimo, esquizofrénica. Mas brotou à superfície, qual arroto reprimido. É apadrinhada, não por qualquer grunho de esquina, mas pelo próprio ministro da Saúde! A notícia pode ser lida hoje logo na página de abertura do Elpais.es, o maior diário de Espanha.
Em castelhano, quase dá para rir: «Algunos hombres portugueses están preocupados: el número de mujeres en las facultades de medicina es excesivo y hay que establecer cuotas mínimas para hombres.»
Como pode um país destes querer que alguém o leve realmente a sério?
junho 21, 2004
junho 18, 2004
Um caso perdido
Três jornalistas assessores-jornalistas-assessores estiveram lá, com fraco contraponto ou oposição, a defender a sua dama. A dama da promiscuidade.
Só uma profissão minada pela mais profunda bandalheira normativa e funcional admite que se chegue à situação, absolutamente surreal, de ver o director de um jornal dito de referência ir à televisão, na qualidade de actual director editorial do DN e ex-assessor de Cavaco Silva, defender que não há problema algum na passeata obscena entre as redacções e os corredores do poder político.
Tal como está, o jornalismo em Portugal é um caso perdido.
Careca de Bush à vista
Esboroaram-se todos os pretextos invocados para a invasão unilateral, obstinada e estúpida, do Iraque: as armas químicas, a «amizade» do Saddam com bin Laden e todas as restantes mentiras propagandeadas por aí adiante. A administração norte-americana, encurralada, de careca à mostra, recua até ao argumento mais imbecil. Diz que, bom, apesar de tudo, o mundo está melhor sem Saddam.
Pois está. Mas também estaria muitíssimo melhor sem Bush, Rumsfeld, Cheney, Blair, Sharon, Musharraf, o Kim da Coreia, Portas e muitos outros seres humanos altamente nocivos ao bem estar da humanidade. E, no entanto...
junho 12, 2004
O polvo publicitário
Ignacio Ramonet, O Novo Rosto do Mundo.
junho 07, 2004
RTP1 endireita-se para o torto
Foram para aí uns dez minutos, talvez. Reagan, o homem das «firmes convicções», o «carismático», o «herói», o adorado pelo povo, tudo isto segundo a opinião expressa pelo jornalista de serviço no obituário do antigo presidente dos EUA, um actor de segunda que chegou ao patamar mais alto da nação. Só na América...
O cidadão desarmado, o jovem sem memória, chegaria ao fim de ver esta enfiada de peças com a sensação de que Reagan foi o maior presidente de todos os tempos, uma espécie de imaculado super-herói das massas que, imagine-se, derrubou, com a sua fictícia 'Guerra das Estrelas', o império soviético e o muro de Berlim.
Todas as pessoas que apareceram nas peças a perorar, com excepção de Mário Soares (versão soft), colocaram Reagan no altar da prodigalidade histórica: quatro simples cidadãos anónimos (patrióticos americanos) a garantir ao mundo que Reagan foi o maior, pá, Durão Barroso, Cavaco Silva e... até o insignificante do Paulo Portas apareceu a tecer loas ao grande amigo do Papa e da Thatcher.
Não foi dado a ver ao telespectador uma simples voz dissonante. Um contrapontozinho, como mandam as regras jornalísticas. E nem o jornalista que escreveu os textos se dignou a fazer uma referenciazinha que fosse ao facto de Reagan ter protagonizado o escândalo Irão-Contras, ao facto de ter deixado um défice colossal, o falhanço da quimérica 'Guerra das Estrelas'... nada.
Foi um momento de informação televisiva estatal da pior espécie: acéfala, servil e incompetente.
junho 05, 2004
Escorregadela no Público?
Segundo notícias publicadas nalguns jornais, entre os quais o DN e o Diário Económico, a Direcção do Público terá decidido retirar uma notícia da secção Nacional «sobre o alegado não pagamento de uma coima fiscal pela ministra das Finanças» (DE). A decisão terá resultado de um contacto de Manuela Ferreira Leite com o director do diário, José Manuel Fernandes.
A mesma Direcção não terá informado a editora da respectiva secção, o que, desde logo, é má política. Tanto é assim que Ana Sá Lopes e a sua sub-editora se demitiram dos cargos. Fizeram bem.
Acto contínuo, o Conselho de Redacção emitiu comunicados em que fala de «acto de censura» por parte da Direcção.
Ora, embora nós, simples leitores (sou leitor diário do Público desde o número 1), não estejamos na posse de todos os dados que nos permitam ajuizar, de modo cabal, o que se passa, a suspeita fica no ar.
Somos tentados a pensar que a Direcção terá sucumbido à pressão directa da ministra e passou por cima das editoras. Tentados a pôr a hipótese de o Público, afinal, não se distinguir dos outros ao nível dos 'fretes'. Enfim, vêm-nos à memória os tristes telefonemas de Aznar para as redacções dos média espanhóis logo a seguir ao 11 de Março e que levaram o prestigiado El Pais a espalhar-se ao comprido, condenando, em manchete, a ETA pelos atentados.
Estas suspeitas são um perigo quando começam a germinar na cabeça dos leitores. Por isso, e dado que a questão põe em causa a própria credibilidade do jornal, era altura de a Direcção vir a terreno pôr tudo em pratos limpos. O director do El Pais, por exemplo, não teve pejo algum em reconhecer publicamente o erro pela manchete da ETA.
Como bem escreve Manuel Pinto no blogue Jornalismo e Comunicação, «a partir do momento em que uma editora com projecção pública se demite e em que um órgão como o Conselho de Redacção segue o mesmo caminho, parece-me que o assunto não é mais do foro interno. E a razão é que está posto em causa o contrato do jornal com os seus leitores.»
Tenha a palavra José Manuel Fernandes.
junho 04, 2004
Pasolini em DVD
junho 02, 2004
Jornais online e a persistência no erro
Na sua intervenção durante o Congresso Mundial de Jornais, a decorrer em Istambul, Balding disse que o aumento do número de sites na Internet é um dos exemplos que ilustra como «os jornais mostraram uma vontade inédita de inovar e experimentar estratégias para ganhar novos leitores.»
Balding não estaria certamente a pensar nos jornais portugueses quando disse isto. Na Internet, os jornais digitais lusitanos, bem como os sites das rádios e dos canais de televisão, parecem é apostados em afugentar os leitores.
Abrir um sítio na rede mundial e despejar para lá conteúdos fabricados para o papel ou para as ondas hertzianas, arranjar, quando muito, uns estagiários para disfarçar umas «Últimas» e dizer que se está a inovar e a pensar estrategicamente é mentira. Esta estratégia (será mais a falta dela) conduziu a generalidade dos media online portugueses ao actual estado em que se encontra: vegetativo.
No atinente ao design, navegabilidade, conteúdos próprios, multimédia, hipertexto, actualização permanente, interactividade, para nos ficarmos apenas por estes parâmetros básicos, a esmagadora maioria dos sites é francamente medíocre.
Há, certamente, razões financeiras e de sustentabilidade dos projectos que explicam, quer o fraco investimento, quer mesmo o desinvestimento total nas publicações online em Portugal.
Mas haverá aqui, também, muito do típico espírito empresarial nacional a ajudar nesta explicação: medo de arriscar, falta de visão, fraca apetência para apostar em inovação, persistência no erro, incapacidade para escolher as pessoas certas para os lugar certos e por aí adiante.
O Comércio do Porto faz hoje 150 anos lança a sua edição online, nove anos após o início da aventura do jornalismo português no ciberespaço. Consultada a «edição digital número 1» do diário centenário, o menos que se pode dizer é que está atrasada, no mínimo, uma década.
Ligações
'Receitas de Publicidade na Imprensa Subiram em 2003'
O Comércio do Porto
De olhares: dois filmes quase
A narrativa, construída inteligentemente através de flashbacks curtos que se vão entrecruzando, é brilhante. Bate, pois, quase tudo certo neste filme. Excepto a sensação que fica no fim de que o final não deveria ser ali, porque falta ainda alguma coisa. Que a obra não está completa. Que, apesar da riqueza daquilo que nos foi mostrado e sugerido, havia melhor a fazer.
O Mar Olha Por Ti, cuja acção decorre num bordel japonês do século XIX, é também um belo filme. Resulta de um argumento, escrito por Akira Kurosawa, entregue a Kei Kumai para a realização. Kumai respeitou todas as indicações do falecido mestre, incluindo os desenhos por ele deixados para as cenas (Kurosawa era também pintor).
Bem filmado e muito bem fotografado, magistralmente contado, também aqui bate tudo certo. Mas, no final, fica-se igualmente com a sensação de que a fita seria outra se tivesse sido rodada sob o olhar mágico de quem filmou Os Sete Samurais, Ran ou o inultrapassável Sonhos.
Apesar destes parcos 'ses', Elephant e O Mar Olha Por Ti são dois filmes a não perder de vista.
maio 29, 2004
Jornalismo de cabeça perdida
As televisões, incluindo a estatal, estão transformadas em tambores eufóricos de empolamento, amplificadores acéfalos, da «paixão» pelo desporto-rei. Emoção e espectáculo, espectáculo é emoção. Até à náusea. Nas rádios, os doutores de bancada têm prime time a toda a hora. E, nos jornais, até os de referência embalam nas mais pindéricas tiradas tablóide.
A edição de hoje do Expresso é disso um exemplo. Quis este jornal demonstrar que está também em força com o pessoal da bola, pá, e em especial com o Norte e os «dragões» e as suas vitórias que levantam a moral da pátria além-fronteiras. E vai daí, por baixo do título Expresso, aparece uma reprodução de um cachecol do FCP. Como quem diz, o mui lisboeta Expresso também vibra com a vitória do Bobby e do Tareco!
Numa imitação barata de jornal, como é o caso, por exemplo, do 24 Horas, a coisa desculpa-se. Num jornal como o Expresso, trata-se de um deslize indesculpável. Mas de atordoadas destas está a história recente da imprensa portuguesa cheia.
Da última vez que o Sporting venceu o campeonato, o DN apareceu com o título do próprio jornal pintado de verde. Na quarta-feira passada, o JN, numa das suas típicas tiradas popularuchas, punha em manchete um título absolutamente ridículo: «Sejam a nossa voz, queremos esta vitória». Que é isto?!
O futebol transformou-se num campo com regras à parte dentro do jornalismo. Tem direito a tratamento «vip» e suspensão de Código Deontológico. Em nome da «paixão», que transfigura verticalmente toda a gente, do mais simples estagiário ao mais empenhado director, vale tudo.
Ora, tudo isto não augura nada de bom para o futuro do jornalismo. Por este andar, Portugal deixa, um dia destes, de ter jornais para ler.
maio 28, 2004
No eixo do mal
«A agenda de segurança global promovida pela Administração dos EUA está desprovida de visão e de princípios. Ao violar direitos a nível nacional, ignorando os abusos a nível internacional e recorrendo à força militar em ataques preventivos quando e onde lhe apraz, a Administração dos EUA tem vindo a lesar a justiça e a liberdade e tornou o mundo um local mais perigoso», refere a organização.
Não tarda nada, Bush confunde a Amnistia com um país e coloca-o no Eixo do Mal.
maio 27, 2004
De ouvido: Morrissey
Regressa, em boa forma, com o álbum You Are The Quarry. Logo a abrir, um tema, America is not the world, prende-nos ao disco com hostilidades das boas:
«America your head's too big, Because America, Your belly's too big
And I love you, I just wish you'd stay where you is
In America, The land of the free, they said, And of opportunity, In a just and a truthful way
But where the president, Is never black, female or gay, And until that day
You’ve got nothing to say to me, To help me believe».
No meio de tantos dejectos musicais que a indústria discográfica, com a ajuda das rádios comerciais, promove todos os dias, apanhar uma pérola como You Are the Quarry é um consolo para os ouvidos.
maio 26, 2004
De uma certa sabedoria
Não é que a CIA, agência internacional de promoção de actos terroristas de Estado, está cheia de urgência em confirmar se o Irão usou o iraquiano de fila do Pentágono, o mais que trapaceiro com provas dadas Ahmad Chalabi, para convencer os EUA a atacar Saddam? Não é que Chalabi pode ter, pura e simplesmente, dado uma gigantesca tanga aos seus 'amigos' americanos, permitindo aos iranianos vingarem-se, por interposto país, do antigo ditador de Bagdade?
Não é possível ler uma notícia destas sem ficar com um largo sorriso nos lábios. Será possível que os temíveis EUA, a encarnação do novo Império, se tenham metido no atoleiro que é hoje o Iraque por causa de uns simples e avisados conselhos de Chalabi? Seria o cúmulo da ingenuidade! A confirmar-se, o mundo inteiro, com excepção de algumas pias almas da direita portuguesa, explodiria de riso!
Os adolescentes EUA esquecem-se, com demasiada frequência, que certa sabedoria só se conquista com a espessura da história de muitos séculos.
maio 23, 2004
Histórias da carochinha
Mas o povo o que quer é histórias da carochinha...
maio 21, 2004
Circo em Madrid
Seiscentas televisões em Madrid garantirão a boda de imagens comoventes, comentários ocos de jornalistas transformados em babados mestres de cerimónias, entrevistas de rua por dá cá aquela palha (o salto alto da princesa não está alto de mais?), enfim, o triste fado do costume para alimentar o vazio existencial da turba planetária basbaque que ainda se deslumbra com histórias de encantar de reis e rainhas, século XXI... Ah, e lá estarão também os intrépidos repórteres de 900 revistas do coração.
Para espectáculos televisivos penosos e degradantes, já basta o que nos oferecem todos os dias.
maio 20, 2004
Lipovetsky: média e lucro
Gilles Lipovetsky, O Crepúsculo do Dever.
maio 19, 2004
Moore está de volta
Mesmo antes de ser visto por cá, Fahrenheit 9/11 é já um filme obrigatório. Na linha, dura, do fabuloso Bowling for Columbine, Moore põe a nu a óbvia estupidez estrutural do actual presidente do seu país, a fraude que constituiu a eleição do actual inquilino da Casa Branca e as perigosas ligações Bush-bin Laden. Sem papas na língua, sem medo nas imagens, ao seu bom estilo.
Desde logo, o filme torna-se tanto mais apetitoso quanto foi alvo da tentativa de censura nos EUA. A gigante Disney, pressionada pelos republicanos, quis impedir a distribuição da obra, com receio do impacto nas eleições presidenciais. Moore queixa-se de a própria Casa Branca ter tentado que o filme sequer chegasse a ser realizado.
Uma das denúncias de Moore, que quer, e muito bem, ajudar a correr com Bush da presidência, é de que duas dezenas de membros da família bin Laden foram autorizados a sair do país, de avião, nos dias que se seguiram ao ataque às torres gémeas.
Nem de propósito, e para que não se pense que estas suspeitas existem apenas na cabeça de Moore, anteontem à noite a SIC Notícias exibiu um documentário, feito por jornalistas norte-americanos, onde várias testemunhas apareciam a apontar no mesmo sentido: as ligações perigosas dos Bush aos bin Laden.
Tanto que as mesmas testemunhas manifestam estranheza pelo facto de, nos dois dias a seguir ao 11 de Setembro, vários voos para a Arábia Saudita terem sido autorizados. Nessa altura, todos os voos comerciais estavam proibidos nos EUA, a não ser os que tivessem autorização especial. Donde...
Os Bush, já se percebeu, têm montes de esqueletos no armário. E fazem tudo para que ninguém os abra. As pressões sobre os media norte-americanos parecem estar a surtir o efeito que a Casa Branca pretende: os jornalistas andam quase todos mansinhos e muito patrióticos em relação ao seu emprego e não querem meter-se no sarilho de mexer em certas ossadas. A bem da democracia, claro.
Se não forem kamikazes como Moore, a história presente fica, para mal dos cidadãos, parcialmente contada. Manca. Por isso, todo o apoio ao rapaz é pouco.