novembro 04, 2004

Dedo em feridas do jornalismo

O constitucionalista Vital Moreira pôs hoje o dedo nalgumas feridas do jornalismo que os próprios jornalistas parecem, por vezes, nem sequer reconhecer que as têm.

Primeiro: há uma relação de "promiscuidade" entre os jornalistas e os governos. Não serão todos os jornalistas, nem sequer a maioria, mas os que existem são em número suficiente para dar cabo do bom nome da profissão. O recente desfile de misérias na Alta Autoridade para a Comunicação Social trouxe muito deste lixo à superfície. Entretanto, a passeata obscena entre redacções e assessorias de todo o tipo prossegue, perante a apatia inexplicável, e escandalosa, do Sindicato dos Jornalistas.

Segundo: Vital Moreira defende a criação de uma entidade reguladora e fiscalizadora dos profissionais da comunicação social. É evidente que essa entidade já há muito deveria existir. Talvez não se tivesse chegado ao pântano em que hoje boa parte do jornalismo nacional está enterrado. O jornalismo anda hoje em roda livre, entregue a si próprio e a uma mirífica "auto-regulação" que só serve para os jornalistas se enganarem a si próprios, enquanto as condições de exercício da profissão se vão deteriorando gravemente a vários níveis. É uma verdade tão simples quanto estapafúrdia: o jornalista que viola o código deontológico da profissão não tem qualquer sanção. Pelo menos, que se veja...