novembro 28, 2004

Venham cavacos. O país precisa.

Cavaco Silva escreve esta semana no Expresso um texto absolutamente arrasador para a classe política no activo. Santana Lopes deve ter ficado com vontade de mandar fechar o semanário de Balsemão, mas uma Cinha qualquer deve ter dito ao homem que S. Bento não é bem a mesma coisa que o concurso A Cadeira do Poder.

O grave é que Cavaco está coberto de razão, em particular quando diz que os políticos incompetentes devem ser corridos por quem sabe. Soares também, quando pinta de muito negro o presente deste quintal de dez milhões de almas meio perdidas. Guterres acerta em cheio quando fala do circo entre os média e a política. Durão não pode dizer nada porque fugiu, o covarde.

A Cavaco, a Soares, a Guterres já chamaram os nomes feios todos que o dicionário tem. Algumas vezes, com razão. Mas, agora que os portugueses provaram o bom que é terem uns totós de alto astral e inteligência subterrânea a dirigi-los, aqueles "velhos" políticos parecem vir de outra galáxia, onde ainda existem alguns princípios, alguma verticalidade, decência, respeitabilidade, sentido de serviço à causa pública, enfim, maturidade, apesar de tudo. Venham eles outra vez. Soares, Cavaco, Guterres, Freitas, a presidente ou primeiro-ministro. Qualquer um destes veneráveis políticos é um senhor quando comparado com os cachopos que hoje se comem vivos uns aos outros nos bastidores esquizofrénicos da nossa cosmopolita vida política lisboeta.

Andou tanta gente a sacrificar-se no século XX para chegarmos a isto?