outubro 05, 2004

De olhares: Margot num flash

Por vezes, o bom cinema francês, remetido pelo circuito comercial dos multiplex à clandestinidade, chega-nos às mãos por vias travessas. Veja-se o caso de A Rainha Margot, de Patrice Chereau. Até há bem pouco tempo, não havia edição portuguesa em DVD desta muito bem contada história de Marguerite de Valois, irmã do rei Carlos I.


Pois bem, não foi sem grande surpresa que, ao passar por um quiosque de uma rua do Porto, deparo com a bela Adjani, ícone deste filme, encimada por uma tarja vermelha a dizer "flash!". Flash!? Verdadeiramente flashante é descobrir que "flash!" é nome de uma revista, daquelas que traz na capa Fernanda Serrano fotografada à noite a sair de um hotel. A Fnac precisa de aprender umas coisas com esta gente, que me pôs o DVD nas mãos por 8 euros. Um preço justo. A gente assim não se sente roubada, né?

Posto isto, é muito mau sintoma que uma obra do calibre de A Rainha Margot chegue ao mercado de vídeo por via de uma revista oca. Nesta, como em muitas matérias (cada vez mais, quase todas), o dinheiro fala mais alto. Os escaparates das Fnac e das Worten estão esmagados por oferta hollywoodesca, o que nos deixa, a nós, sem grandes hipóteses de escolha.

A história de Margot começa em 1572. Deve ser por isso.