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agosto 17, 2008

As nuvens que passam...



De quem gostas mais, diz lá, homem enigmático? De teu pai, de tua mãe, de tua irmã ou de teu irmão?
- Não tenho pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão.
- Dos teus amigos?
- Eis uma expressão cujo sentido até hoje ignorei.
- Da tua pátria?
- Não sei a latitude em que está situada.
- Da beleza?
- Amá-la-ia de boa vontade, divina e imortal.
- Do ouro?
- Odeio-o tanto como vós a Deus.
- Então que amas tu, singular estrangeiro?
- Amo as nuvens... as nuvens que passam... lá longe... as maravilhosas nuvens!

(Charles Baudelaire, O Estrangeiro)

dezembro 29, 2007

A Música

Arrasta-me por vezes como um mar, a música!
Rumo à minha estrela,
Sob o éter mais vasto ou um tecto de bruma,
Eu levanto a vela;

Com o peito pra frente e os pulmões inchados
Como rija tela,
Escalo a crista das ondas logo amontoadas
Que a noite me vela;

Sinto vibrar em mim as inúmeras paixões
De uma nau sofrendo;
O vento, a tempestade e as suas convulsões

Sobre o abismo imenso
Embalam-me. Outras vezes é a calma, esse espelho
Do meu desespero!


Charles Baudelaire
in As Flores do Mal

maio 05, 2004

De leituras: música e transcendência

«Mas a música apazigua-me. Ela é de si a arte mais irreal, ela liberta-se mais facilmente do imediato, até ao limite da transfiguração e da transcendência.» Vergílio Ferreira, Pensar

«Arrasta-me por vezes como um mar, a música!» Charles Baudelaire, As Flores do Mal