O Monde Diplomatique, edição portuguesa, publica este mês um artigo muito interessante do filósofo e escritor Bernard Stiegler.
Em 'O desejo asfixiado, ou como as indústrias culturais destroem o indivíduo', Stiegler oferece-nos um contributo precioso para o entendimento das consequências da actual, e preponderante, massificação global do indivíduo no contexto de sociedades que ele designa de hiperindustriais.
Algumas pontes para a leitura deste artigo:
«O capitalismo hiperindustrial desenvolveu as suas técnicas ao ponto de, diariamente, milhares de pessoas se encontrarem simultaneamente ligadas aos mesmos programas de televisão, de rádio ou de consolas de jogo. O consumo cultural, metodicamente massificado, não deixa de ter consequências sobre o desejo e as consciências. Ao mesmo tempo que se vai esfumando a ilusão do triunfo do individualismo, ganham nitidez as ameaças contra as capacidades intelectuais, afectivas e estéticas da humanidade.»
«Esta época, longe de ser caracterizada pela preponderância do individualismo, apresenta-se como a época do devir gregário dos comportamentos e duma generalizada perda de individuação.»
«É exactamente o que a sociedade hiperindustrial faz dos seres humanos; privando-os de individualidade, engendra rebanhos de seres que vivem com um profundo sentimento de mal-estar.»