abril 25, 2005

Gillmor e os 'cidadãos-jornalistas'

No Travessias Digitais escrevo sobre o livro Nós, os Media, do jornalista Dan Gillmor.

abril 24, 2005

Tentações do poder

Sobre a limitação de mandatos políticos executivos, Vicente Jorge Silva escreve, com razão, no DN: «Ora, mesmo admitindo todos os riscos, as virtualidades combinadas da limitação dos mandatos e da criação dos círculos uninominais são de uma evidência cristalina: favorecem a renovação, a responsabilização pessoal e a transparência da representação política, além de permitirem combater essa perversão maior da democracia que é a tentação do poder vitalício.»

Há questões que, de tão evidentes, só se estranha que não tenham sido resolvidas há muito.

abril 20, 2005

Idolatria*

A multidão que ontem enchia a praça de S. Pedro agitava bandeiras, entoava cânticos ritmados com palmas e gritava o nome do líder. Tal como nos estádios de futebol.

*s. f., adoração dos ídolos;
acção de prestar a certas entidades as honras próprias da divindade;
amor, dedicação excessiva;
adoração cega.

abril 15, 2005

Foi-se o espalhafato

Os telejornais passaram a ser espaços mediáticos bem mais salutares e bastante menos poluídos desde que Santana Lopes e Paulo Portas saíram da cena do governo. Estas duas trágicas figuras entravam-nos, quase todos os dias, pela casa adentro com os seus números intragáveis de circo político encenado para as televisões.

Sócrates, nesta matéria, não podia ter feito uma ruptura mais vincada: aparece de vez em quando, é comedido, mantém (pelo menos, aparentemente) os jornalistas à distância e diz não gostar de espalhafato mediático. E está muito bem assim.

abril 14, 2005

A Casa é nossa


Custou muito, mas foi. Está aí. É linda. Não devia ser para estragar com um mamarracho banqueiro nas traseiras. Talvez seja altura de o Porto recuperar, modificado, um slogan que, há alguns anos, salvou o Coliseu de ir parar às mãos da IURD: "A Casa da Música é Nossa!"


abril 13, 2005

Em defesa da Casa da Música

Há dias, lavrei, aqui no Travessias, o meu protesto contra a construção, na zona envolvente da Casa da Música, da sede de um banco.

Só posso, pois, subscrever por inteiro o abaixo-assinado em que se apela «a todas as entidades envolvidas neste processo (Câmara Municipal do Porto, ADICAIS, Fundação Casa da Música, Ministério da Cultura, IPPAR) e a todas as entidades que poderão intervir em nome do interesse público (Presidência da República, Assembleia da República, Partidos Políticos, Presidência do Conselho de Ministros, etc.) para que, dentro das suas competências, façam todos os esforços para impedir a construção do referido edifício, encontrando as soluções de compromisso que permitam salvaguardar o interesse público.»

abril 12, 2005

Arno Gruen: da loucura dos «sãos»

«Esta loucura não reconhecida ameaça a humanidade mais que nunca porque nunca o potencial destrutivo nas mãos dos famintos de poder foi tão grande como hoje. Este tipo de doença difere da do esquizofrénico num ponto essencial: o esquizofrénico encontra-se numa luta consigo próprio para conseguir lidar com um mundo insuportável; a loucura dos «sãos» é, pelo contrário, uma luta na qual outros têm de ser vencidos para que eles próprios se possam sentir seguros.»

Arno Gruen, A Loucura da Normalidade.

abril 08, 2005

Política mais respirável

Os muitos Narcisos, Mesquitas e Torres instalados nas autarquias do país, para já não falar no extremo caso do Jardim insular, há muito que haviam tornado evidente a necessidade de limitar os mandatos políticos.

É, por isso, de saudar que o governo de Sócrates tenha avançado com a proposta de lei que limita o tempo de exercício consecutivo de mandatos executivos a um máximo de 12 anos. E isso abrange desde os presidentes de Junta até ao primeiro-ministro.

E é tanto mais de saudar quanto toda a gente, incluindo boa parte dos políticos, também já há muito constatara os malefícios da eternização dos líderes nas câmaras municipais ou governos regionais. O problema é que, graças a muito cautelismo e a múltiplos clientelismos partidários, nunca se avaçara com uma medida destas.

O sistema político português passa a ficar um pouco mais respirável.

abril 06, 2005

Jornalismo na Web

Aqui ao lado, no Travessias Digitais, escreve-se sobre o livro Web Journalism, de James Glen Stovall.

abril 05, 2005

Nasce o Travessias Digitais

O Travessias Digitais nasce hoje como blogue-satélite deste Travessias generalista. O Travessias Digitais acolherá textos, apontamentos, breves reflexões e dicas sobre novos media (com particular destaque para a Internet), jornalismo e ciberjornalismo.

O Travessias Digitais arranca a título experimental e a sua actualização será intermitente.

Televisão beata

No blogue Causa Nossa,Vital Moreira escreve certeiro: «Com a total rendição da sua programação ao falecimento e às exéquias do Papa (noticiários, reportagens, comentários, filmes de temática religiosa, música sacra, missas, homenagens, etc.) a RTP concorre seguramente para o título oficial da mais católica televisão do mundo. Merece ser beatificada.»

abril 04, 2005

Berlusconi: "un'ecatombe in tutta Italia"

Berlusconi, um dos maiores cancros políticos da Europa, levou uma monumental banhada nas eleições regionais de ontem. Segundo sondagens à boca das urnas, perdeu seis das oito regiões que detinha.

Pelo seu perfil meio João Jardim, é de crer que o homem não se demita. O que é uma pena. Para os italianos e para o resto do mundo civilizado.


A ler:
"Citizen" Berlusconi
Perfil de Berlusconi

abril 03, 2005

Expresso online sem pedalada

Mais de 24 horas depois do falecimento do papa, a "manchete" do Expresso online é: "João Paulo II: estado de saúde piora".

Não há ciberjornalismo que resista a tanto amadorismo.

De olhares: terra de abundância?

Land of Plenty é um filme de difícil digestão para: optimistas militantes, "neocons", distraídos da vida, falcões de guerra, neoliberais a todo o transe, ingénuos, "filobushistas", obtusos de carreira e directores de jornais portugueses de direita.

Quanto ao resto, esta obra cinematográfica, politicamente empenhada, é sem dúvida um bom momento na carreira do realizador alemão Wim Wenders.

abril 01, 2005

Criminosos de guerra

Milhares de mortos civis iraquianos depois, os Estados Unidos reconhecem, finalmente, que estavam «absolutamente enganados» sobre o arsenal de armas de destruição maciça de Saddam que justificou a invasão do Iraque em 2003.

Isto é, os EUA invadiram e arrasaram um país soberano, mataram milhares de civis, atiraram para a cova mais de mil soldados seus e arruinaram de vez a sua reputação nos quatro cantos do mundo, tudo porque se basearam em "palpites" completamente errados dos seus serviços secretos, que surgem agora como o bode expiatório perfeito para esconder os verdadeiros motivos que conduziram à invasão.

Não era de sentar os rabos de Bush e de Blair no Tribunal Penal Internacional de forma a responderem por crimes contra a humanidade?