junho 18, 2004

Careca de Bush à vista

Com os telejornais da pátria bêbados de bola, resta-nos o oásis informativo que é a BBC World, onde o mundo ainda rola e ainda existe.

Destaques do dia: sabe-se hoje, foi o pandemónio geral no dia 11 de Setembro de 2001 quando se soube que vários aviões haviam sido desviados nos céus da América. Ninguém se preparara para o impensável. O impensável aconteceu. Várias entidades pura e simplesmente não souberam como reagir. A hecatombe deu-se.

A comissão de inquérito ao 11 de Setembro conclui, preto no branco: não há qualquer ligação entre a Al Qaeda e Saddam Hussein. Muito menos, qualquer relação entre ambos que tenha alguma coisa a ver com o atentado às torres gémeas. A comissão apenas concluiu que houve contactos entre o Iraque e a rede terrorista.

Bush aparece no ecrã. Insiste na tecla da relação Al Qaeda/Saddam, peixe que o presidente tentou vender ao seu povo desde o início para justificar a invasão do Iraque. E, pelos vistos, fê-lo com sucesso. Sondagens mostram que pelo menos metade do zé povo americano ainda acredita que o ditador de Bagdad teve alguma coisa a ver com o 11 de Setembro. Gente esclarecida é que não vai nesta conversa.

Esboroaram-se todos os pretextos invocados para a invasão unilateral, obstinada e estúpida, do Iraque: as armas químicas, a «amizade» do Saddam com bin Laden e todas as restantes mentiras propagandeadas por aí adiante. A administração norte-americana, encurralada, de careca à mostra, recua até ao argumento mais imbecil. Diz que, bom, apesar de tudo, o mundo está melhor sem Saddam.

Pois está. Mas também estaria muitíssimo melhor sem Bush, Rumsfeld, Cheney, Blair, Sharon, Musharraf, o Kim da Coreia, Portas e muitos outros seres humanos altamente nocivos ao bem estar da humanidade. E, no entanto...