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outubro 27, 2008

O Mac do Molvær avariou

O concerto de ontem à noite, na Casa da Música, não correu bem ao talentoso Nils Petter Molvær. O Macintosh de serviço resolveu estragar o arranque do espectáculo do trompetista norueguês, a quem faltou depois algum relaxamento na exploração das dinâmicas resultantes do cruzamento do trompete com as ambiências geradas pelo computador.

No entanto, não há que enganar: Molvær é um músico interessantíssimo, arrojado, sem medo de trazer para o jazz (mesmo contra algumas resistências da audiência que se sentiam no ar) aquela mistura mágica de nórdico com experimental, que normalmente deixa os cabelos em pé aos jazzistas mais "puristas", sobretudo aqueles para quem o jazz durou apenas até ao final da década de 60 do século passado.

Por onde começar a ouvir Nils Petter Molvær? Pelo seu primeiro álbum a solo, Khmer. Editado pela ECM, claro.

junho 16, 2008

A perda de Esbjörn Svensson

O pianista sueco Esbjörn Svensson, falecido ontem, aos 44 anos, liderava «um dos mais excitantes e originais» trios de piano no jazz actual, escrevia, em 2004, Joshua Weiner, no All About Jazz. Subscrevo por inteiro.

Svensson, que tinha agendado um concerto na Casa da Música, no Porto, no final do ano, conseguia congregar apreciadores de jazz e fãs de outros géneros musicais. Neste particular, o baterista do trio, Magnus Öström, tinha um papel primordial, desenvolvendo uma fusão de ritmos rock, jazz e electrónica.

Ao piano, Svensson era capaz das mais suaves tiradas líricas, um pouco ao jeito de Bill Evans ou de Brad Mehldau, mas também de arrancar do instrumento a sua faceta mais percussiva, sobretudo em temas mais "pesados".

O trio, fundando em 1990 e com uma dezena de álbuns editados, ainda teria, certamente, muito para dar aos novos rumos do jazz. Recupero aqui o vídeo, que passei no Travessias o ano passado, do tema Goldwrap (do fantástico álbum Tuesday Wonderland), que permite confirmar a frescura musical e visual do Esbjörn Svensson Trio:



A ler e ver:
Site oficial do E.S.T.
O E.S.T. no All About Jazz

novembro 02, 2007

Um dia para recordar Chick Corea


Chick Corea: piano
John Patitucci: contrabaixo
Dave Weckl: bateria

agosto 17, 2007

maio 29, 2007

Em memória de Chet Baker

A trompete de Chet Baker é uma mulher fatal.

março 13, 2007

Radiohead nas mãos de Mehldau

Exit Music (For a Film) é a música que fecha o filme Romeo + Julieta, realizado por Baz Luhrmann. O tema, escrito pelos Radiohead, seria incluído nesse monumental álbum intitulado OK Computer, de 1997.



Mais tarde, o pianista Brad Mehldau faria uma versão jazzística de Exit Music, provando, uma vez mais, que as fronteiras entre os géneros musicais só existem em certas cabeças duras de ouvido.

Na versão original, como na de Mehldau, o início, suave e melancólico, evolui para um final desesperado. Quem tem medo deste jazz?

fevereiro 25, 2007

E McCoy Tyner aqui ao lado...

McCoy Tyner, músico que foi dos primeiros a chamar-me para o jazz, tal o seu virtuosismo ao piano, está a esta hora a tocar na Casa da Música. Eu devia lá estar, não devia? Para remediar a grave falha, compenso com este Giant Steps, um tema de John Coltrane, tocado com um speed a fazer lembrar o ultrasónico Art Tatum.

fevereiro 11, 2007

Miles Davis: "Human nature"

For me, music and life are all about style. Miles Davis

julho 09, 2006

A razão do improviso

«Improvisar é como viver um transe espiritual, não é algo que se possa analisar através da razão. A essência da improvisação é permitir que a música surja por si mesma.»

abril 15, 2006

De ouvido: Kind of Blue

Esta noite - chove bastante lá fora - bateram-me à porta do ouvido. Fui ver quem lá vinha. Era um velho grupo de amigos. Com um ar meio dos anos cinquenta, Miles, Coltrane e Evans perguntaram se podiam entrar e tocar um Kind of Blue, soprado de mansinho, no meu gira-discos. Oh, meus caros, e isso é pergunta que se faça?

julho 16, 2005

Takase em Serralves

Aki Takase é uma japonesa baixinha, com um ar meio alegremente estouvado. Fala pessimamente inglês, mas toca piano "nas horas".

Fui descobri-la hoje a Serralves, no Porto, naquele que foi o segundo concerto de mais um Jazz no Parque. E descobrir é o termo certo, pois nunca tinha ouvido nada saído das teclas desta experiente pianista vinda da área do chamado free jazz, um tipo de jazz algo difícil de tragar. Durante alguns anos, ela tocou com a portuguesa Maria João.

No concerto de hoje, Takase improvisou sobre o jazz clássico de Fats Waller, que aqui e ali faz lembrar um dos pioneiros do jazz, Jelly Roll Morton. Mas Takase não se ficou por aí, juntando ao standard improvisações free, desconcertantes, abruptas, de decomposição melódica. Um jogo de Yin e Yang.

Mais para o fim, Takase pôs bolas de pingue-pongue em cima das cordas do piano. E as bolas lá saltitavam de cada vez que a corda era atingida pela tecla. A assistência sorria. O estilo desta pianista tem algo de subversivo.

Não foi um concerto "fácil". Mas valeu pela descoberta de uma japonesa endiabrada ao piano. E Serralves estava lindo. Como sempre.

janeiro 28, 2005

De ouvido: saxofone colossal



Ora aqui está um belíssimo álbum para aquele tipo de ouvido que quando ouve falar de jazz puxa da pistola. Sonny Rollins no seu melhor. De preferência, ao fim da tarde.

janeiro 28, 2004

A vida por uma trompete

A vida de Miles Davis não dava um filme: foi um filme. O génio, o mau feitio, o quebrar constante de convenções, na vida e no jazz, as relações difíceis com as mulheres e com alguns filhos, a busca permanente do novo, as drogas, os Ferrari, a pintura, as doenças, o horror ao racismo que sofreu na pele no seu próprio país por ser negro. Miles atravessou muitas décadas. Viveu sempre depressa, mas não morreu novo, ao contrário de Jimi Hendrix, de quem um dia ficou admirador.

«The Miles Davis Story» é um DVD a não perder. Ao longo de duas horas, mais do que os passos de um grande músico, é-nos contada, pela mão de amigos e de ex-mulheres, a história pessoal de alguém riquíssimo em contradições, de vida cheia, sempre nos limites. Rompeu com todas as convenções que, em cada tempo, eram dadas como consensuais. Manteve-se, sempre, subversivo, o que lhe permitiu deixar-nos uma obra única dentro do género, ou melhor, dos géneros que ele foi experimentando.

São muitos os músicos que Miles lançou para o estrelato. Alguns deles (Chick Corea, Dave Holland, Herbie Hancock, Marcus Miller, entre muitos outros), aparecem neste documentário, da autoria de Mike Dibb, evocando a fascinante figura de «black bird».

«The Miles Davis Story» é também para quem não gosta de jazz.