Dois bons concertos, este fim-de-semana, no Porto, para mais tarde recordar em disco: a fantástica Lhasa de Sela e o cool Mark Turner, a fazer lembrar aqui e ali o saxofone de John Coltrane.
Lhasa teve, merecidamente, recinto cheio nos jardins do Palácio de Cristal (Pavilhão Rosa Mota é um nome horroroso), no sábado à noite. Ela tem uma voz lindíssima, um timbre ligeiramente rouco, marcante. Lançou até agora apenas dois álbuns, ambos obrigatórios para quem se deslumbra ao primeiro contacto com as suas canções. Cantou em inglês, francês, castelhano, tchecheno e... um fado. Uma bela descoberta.
Mark Turner veio ao Jazz no Parque de Serralves, também no sábado, ao fim da tarde, com o seu novo trio, Fly. Sax tenor, contrabaixo e bateria entenderam-se bem, tendo como pano de fundo o ruído ocasional dos aviões em aproximação ao aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Apesar disso, os músicos proporcionaram um bom espectáculo dentro de um jazz dinâmico, mas algo contido, pouco dado a tropelias histéricas, sobretudo por parte de Turner, de quem a revista Downbeat diz ser um dos 25 mais promissores músicos de jazz norte-americanos.