dezembro 15, 2005

Cinema e jornalismo à grande e à francesa

Para quem gosta muito de jornalismo e outro tanto de cinema, esta é uma publicação a colocar desde já no topo das prioridades de Natal: Print the Legend - Cinéma et Journalisme, editada pelos Cahiers du Cinéma.

Trata-se de uma obra colectiva, com diversos textos sobre muitos dos maiores filmes em que o jornalismo é o tema central. Estão lá os grandes clássicos, da envergadura de um Citizen Kane ou de um Blow Up, mas também filmes mais recentes, como O Informador, Shattered Glass - Verdade ou Mentira ou Live from Bagdad (ainda não disponível em Portugal).

Nas páginas finais, encontramos uma lista com mais de 300 obras, abrangendo os séculos XIX, XX e XXI! Imperdível.

dezembro 10, 2005

Desencontros críticos

Tem que se ter cada vez mais cuidado com os críticos de cinema que lemos na imprensa portuguesa. Umas vezes, arrumam à golpada impiedosa certas fitas que, afinal, não são tão más como as pintam. Bem pelo contrário. Outras vezes, sobrevalorizam obras que, quando se vai a ver, não têm correspondência com os encómios impressos.

Um exemplo, recente: Os Sonhadores, de Bertolucci, foi, em geral, reduzido a pouco mais que um devaneio erótico juvenil inconsequente com o Maio de 68 como pano de fundo, ao mesmo tempo que Charlie e a Fábrica de Chocolate era acolhido com gongorismo entusiástico pela generalidade dos escribas. Vai-se a ver e...

dezembro 06, 2005

Escritas à solta

Há sempre o prazer de regressar à escrita. À sedução das ideias. A fuga à rotina implacável da banalidade. As Lições dos Mestres, sobre essa arte maior que é ensinar, e A Ideia de Europa, ambos de George Steiner, pedem, com urgência, para ser lidos. O último de Alberto Pimenta, Marthiya de Abdek Hamid, desperta a curiosidade. Bater, poeticamente, na administração Bush?

E depois há aqueles livros que já deviam ter sido lidos há muito. Uma Apologia dos Ociosos, de Robert Louis Stevenson, o tal que, no século XIX, escreveu O Estranho Caso do Dr. Jekyll e de Mr. Hyde. Da Brevidade da Vida, de Séneca. Contra a Interpretação e Outros Ensaios, de Susan Sontag. Os Criadores, de Boorstin. E tempo? E o tempo?

Mas há também os pequenos pedaços de textos de jornal que vale a pena sublinhar e reler. Este, por exemplo, do último Expresso: «Por esta altura, estava já generalizada a convicção aristotélica de que todos os homens excepcionais são melancólicos. O melancólico medita, segue a imaginação apoiando-se na memória, descobre, inventa, correlaciona e cria. A melancolia passa a ser a mais poderosa metáfora da imaginação ocidental.» (Jorge Calado).