
junho 02, 2009
Tão grande como o mundo

janeiro 06, 2009
dezembro 07, 2008
Fragilidade no ser
novembro 14, 2008
A escrita eterna de Savater

Em A Vida Eterna, Fernando Savater convida-nos a acompanhá-lo numa reflexão sobre a religião, a razão, a morte e a vida eterna. Vida eterna em que ele, como «modesto ateu» convicto, não acredita: «Estas reflexões incertas acerca da vida eterna são fraternalmente dedicadas a todos os que nela não acreditam».
O livro, naturalmente, "engata-nos" logo nas primeiras levas de leitura. Outra coisa não seria de esperar de uma obra que nos recebe com um excerto da Metafísica, de Alberto Caeiro:
«Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
da minha janela (mas ela não tem cortinas)...»
setembro 28, 2008
Coisas da vida

A maior parte dos temas tratados por este professor de filosofia (Universidade de Londres) e jornalista literário é eterna: moral, morte, medo, esperança, traição, derrota, amor, ódio, prudência, vingança, castigo, fé, etc..
Através da acumulação da leitura, percebemos que Grayling não tem a mais leve costela conservadora, moralizadora («O homem que moraliza é geralmente um hipócrita», já dizia Oscar Wilde) ou religiosa. Bem pelo contrário. Aliás, os textos em que o autor mostra mais claramente o que pensa, sem rodeios, são sobre religião:
«Mas a moral religiosa não é apenas irrelevante, é também antimoral. As grandes questões morais do nosso tempo dizem respeito aos direitos humanos, à guerra, à pobreza, às grandes diferenças entre ricos e pobres, ao facto de algures no terceiro mundo uma criança morrer em cada dois segundos e meio devido à fome ou a uma doença curável. As obsessões das igrejas acerca das relações sexuais anteiores ao casamento e da possibilidade ou não de os casais divorciados se poderem casar de novo surge como desprezível à luz desta montanha de sofrimento e carência humanos.»
«Mas a religião não é apenas antimoral: consegue frequentemente ser imoral. Noutros pontos do mundo há fundamentalistas e fanáticos religiosos a encarcerar mulheres, a mutilar órgãos genitais, a amputar mãos, a assassinar e a espalhar bombas e terror em nome das suas fés.»
Quando escreve sobre o ensino, Grayling tem algumas tiradas brilhantes. Lembrando, na esteira dos gregos antigos, que «só os cultos são livres», dá algumas alfinetadas naqueles que do ensino têm uma visão utilitarista e tecnocrática, hoje, lamentavelmente, muito em voga um pouco por todo o lado:
«O ensino - e, em especial, o «ensino liberal» - é aquilo que torna possível a sociedade civil. Isto significa que possui uma importância ainda maior do que a sua contribuição para o êxito económico, que, infelizmente, é apenas para que os políticos pensam que serve.»
Ou ainda:
«Aristóteles afirmou que nos cultivávamos para conseguirmos dar uma utilização nobre ao nosso lazer - esta é uma perspectiva completamente oposta à convicção contemporânea de que nos cultivamos para conseguir um emprego.»
O Significado das Coisas é um livrinho precioso. Óptimo para saborear aos poucos e entremear com leituras mais densas.
Não aconselhável a quem nunca tem dúvidas e raramente se engana.
novembro 20, 2007
Um livro para os outros*

O professor de bioética na Universidade de Princeton parte de perguntas retóricas simples: Como havemos de viver? Há ainda alguma coisa pela qual viver? Haverá algo a que valha a pena dedicarmo-nos, além do dinheiro, do amor e da atenção à nossa família? A resposta é: sim. Como? Vivendo «uma vida ética».
Para percebermos, com rigor, o que é, na visão do autor, «viver uma vida ética», temos de perceber as suas posições relativamente à avidez generalizada pelo dinheiro, ao consumismo impulsivo e desenfreado, ao vazio deixado pelo recuo da moral, ao egoísmo natural (ou não) dos homens, à natureza da ética. Estes temas são percorridos, com desenvoltura e clareza, ao longo de toda a obra.
Então, ”Como havemos de viver?” «Aqueles que agem eticamente escolhem um modo de vida alternativo, contrário à procura tacanha, acumuladora e competitiva do interesse próprio, que, como vimos, domina agora o Ocidente e já não é posta em causa nem nos antigos países comunistas.»
Moral da história deste livro: pensem um pouco mais nos outros para o bem-estar de todos.
outubro 29, 2007
Zygmunt Bauman: como sobreviver à morte
setembro 16, 2007
Wittgenstein: um filme sobre um homem difícil
julho 09, 2007
Como havemos de viver?

junho 04, 2007
Lipovestsky e a felicidade
«Hoje em dia, somos livres de escolher as nossas actividades de lazer, mas estamos cada vez mais sob o império da oferta comercial. Somos livres ao nível dos pormenores, mas o mercado ganhou um poder sem precedentes na vida de cada um e sobre a maneira de concebermos a felicidade em termos de dia-a-dia. Neste dilúvio de convites a desfrutar da vida, a distância entre a felicidade que nos é prometida e o real, o quotidiano, é cada vez maior. E essa glorificação da felicidade provoca problemas existenciais.»
«Abandonado a si próprio, numa sociedade hiper-individualista, o indivíduo hiper-moderno é frágil.»
«Mas só uma outra paixão poderá permitir reduzir a paixão consumista; temos de inventar uma pedagogia, uma política das paixões, capaz de mobilizar os afectos fora do consumível, da compra: no trabalho, no desejo, na criação, na arte. Temos de criar uma ecologia mais equilibrada da existência.»
«A felicidade foge obstinadamente ao controlo humano. É ilusório pensar que podemos construir a felicidade.»
P.S. post escrito ao som de Snow Abides, de Michael Cashmore.
março 24, 2007
Sócrates, Woody Allen, cinema, filosofia

Sei bem que o ritmo dos tempos que vivemos são pouco dados, quer à filosofia, quer à verdadeira fruição das imagens em movimento. Mais: ao nível do ensino, a filosofia vive autênticos dias de cerco. Livros como este são, por isso, de acarinhar com todo o empenho.
março 20, 2006
Séneca, lucidez com 2000 anos

«Como começamos de facto a viver apenas quando a vida vai acabar! Somos estúpidos ao esquecer-nos da nossa mortalidade e ao adiar os nossos planos de vida para quando tivermos cinquenta ou sessenta anos, visando começar a viver numa idade a que poucos chegam!»
«Mas aprender a viver exige uma vida inteira e, o que te pode surpreender ainda mais, é necessária uma vida inteira para aprender a morrer.»
novembro 05, 2004
Os mandamentos de Savater
Fernando Savater, Os Dez Mandamentos no Século XXI.
fevereiro 28, 2004
É a vida...
fevereiro 24, 2004
Gaarder: sobre o escasso espanto
Jostein Gaarder, O Mundo de Sofia.
novembro 20, 2003
Nietzsche: Eis o homem
Mas nem só da complexidade de referências à «transmutação de todos os valores» respira Ecce Homo. Nietzsche discorre também sobre aspectos muito pessoais: a sua doença, as viagens a Itália, as paisagens, a importância de amigos como Wagner ou Lou Andreas-Salomé na sua vida, a música, a poesia. Este livro, onde o autor passa em revista os 'bastidores' da produção de obras suas, como O Crepúsculo dos Ídolos, Assim falou Zaratustra, A Gaia Ciência ou Para além do Bem e do Mal, entre outras, talvez seja o melhor ponto de partida para se entrar no seu mundo peculiar. Sempre tendo em conta que os seus escritos nem sempre são de fácil digestão.
Independentemente de se concordar ou não com ele, há no mínimo que reconhecer-lhe a enorme coragem, a frontalidade total, no afrontar de dogmas enraizados de modo muito profundo na sociedade de então. Só mesmo quem de si próprio diz «Não sou um homem, sou dinamite!» pode aguentar as altas pressões de uma solidão de génio.