junho 02, 2004

Jornais online e a persistência no erro

O número de sites de jornais duplicou desde 1999 e a publicidade na Internet continua a crescer regularmente. A constatação, baseada num estudo feito em 208 países, é feita pelo director-geral da Associação Mundial de Jornais, Timothy Balding.

Na sua intervenção durante o Congresso Mundial de Jornais, a decorrer em Istambul, Balding disse que o aumento do número de sites na Internet é um dos exemplos que ilustra como «os jornais mostraram uma vontade inédita de inovar e experimentar estratégias para ganhar novos leitores.»

Balding não estaria certamente a pensar nos jornais portugueses quando disse isto. Na Internet, os jornais digitais lusitanos, bem como os sites das rádios e dos canais de televisão, parecem é apostados em afugentar os leitores.

Abrir um sítio na rede mundial e despejar para lá conteúdos fabricados para o papel ou para as ondas hertzianas, arranjar, quando muito, uns estagiários para disfarçar umas «Últimas» e dizer que se está a inovar e a pensar estrategicamente é mentira. Esta estratégia (será mais a falta dela) conduziu a generalidade dos media online portugueses ao actual estado em que se encontra: vegetativo.

No atinente ao design, navegabilidade, conteúdos próprios, multimédia, hipertexto, actualização permanente, interactividade, para nos ficarmos apenas por estes parâmetros básicos, a esmagadora maioria dos sites é francamente medíocre.

Há, certamente, razões financeiras e de sustentabilidade dos projectos que explicam, quer o fraco investimento, quer mesmo o desinvestimento total nas publicações online em Portugal.

Mas haverá aqui, também, muito do típico espírito empresarial nacional a ajudar nesta explicação: medo de arriscar, falta de visão, fraca apetência para apostar em inovação, persistência no erro, incapacidade para escolher as pessoas certas para os lugar certos e por aí adiante.

O Comércio do Porto faz hoje 150 anos lança a sua edição online, nove anos após o início da aventura do jornalismo português no ciberespaço. Consultada a «edição digital número 1» do diário centenário, o menos que se pode dizer é que está atrasada, no mínimo, uma década.


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O Comércio do Porto