outubro 12, 2004

Concentração dos media: o grande mal

Na melhor das hipóteses, dentro de uma semana já ninguém fala no episódio Marcelo, no regresso da "censura", das pressões governamentais sobre empresas jornalísticas, nos excessos da perniciosa concentração dos media, da redundância da Alta Autoridade, etc.. Outro escândalo qualquer tratará a comunicação social de cavalgar.

Entretanto, graças à absoluta inépcia política dos governos PS e PSD nesta área, a par dos fretes que trataram de fazer a grupos empresariais, o maior dos males está feito e nem uma super-Alta Autoridade será capaz de contornar os enormes problemas levantados pelo simples facto de a maioria dos media que contam para o Totobola estarem hoje nas mãos de menos de meia dúzia de grandes "patrões". Nunca passou por estas cabecinhas partidárias o mal que daqui advém para a boa saúde democrática da própria sociedade. Enfim, trocos. Pode Jorge Sampaio continuar a sonhar com o fim da "censura"...

A maior factura paga pela concentração excessiva dos media (problema que não é exclusivo de Portugal, longe disso) é paga pelos jornalistas, amordaçados entre os ditames empresariais, em geral mais fortes do que os princípios jornalísticos, e a necessidade absoluta de manter o posto de trabalho face a um mercado de emprego saturado, medíocre e sem grandes hipóteses de escolha. O pânico de "ficar queimado" anda à solta.

Os jornalistas estão calados, receosos, divididos, profissionalmente desregulados, e ainda por cima mal representados pelo Sindicato dos Jornalistas. Mas há muito boa gente por essas redacções fora que acha que assim é que está bem. Então, está bem.

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