A vida de Miles Davis não dava um filme: foi um filme. O génio, o mau feitio, o quebrar constante de convenções, na vida e no jazz, as relações difíceis com as mulheres e com alguns filhos, a busca permanente do novo, as drogas, os Ferrari, a pintura, as doenças, o horror ao racismo que sofreu na pele no seu próprio país por ser negro. Miles atravessou muitas décadas. Viveu sempre depressa, mas não morreu novo, ao contrário de Jimi Hendrix, de quem um dia ficou admirador.
«The Miles Davis Story» é um DVD a não perder. Ao longo de duas horas, mais do que os passos de um grande músico, é-nos contada, pela mão de amigos e de ex-mulheres, a história pessoal de alguém riquíssimo em contradições, de vida cheia, sempre nos limites. Rompeu com todas as convenções que, em cada tempo, eram dadas como consensuais. Manteve-se, sempre, subversivo, o que lhe permitiu deixar-nos uma obra única dentro do género, ou melhor, dos géneros que ele foi experimentando.
São muitos os músicos que Miles lançou para o estrelato. Alguns deles (Chick Corea, Dave Holland, Herbie Hancock, Marcus Miller, entre muitos outros), aparecem neste documentário, da autoria de Mike Dibb, evocando a fascinante figura de «black bird».
«The Miles Davis Story» é também para quem não gosta de jazz.