Por cá, por entre dívidas ao fisco e à Segurança Social, salários em atraso e ameaças de falência, o panorama futeboleiro não é melhor, como, aliás, tem sido noticiado à saciedade. Mas nisto reside o milagre máximo deste país altamente pelintra: apesar de estarem quase todos enterrados em dívidas, de mal terem dinheiro para mandar cantar um cego, de viverem muito acima das suas posses, os clubes constroem estádios milionários e inflacionam os salários astronómicos dos «heróis» (esta história de chamar heróis à rapaziada...) dos relvados para gáudio de turbas ululantes.
E o Estado, com os governantes à cabeça e os autarcas de paróquia no fim das quatro linhas, continuam a curvar-se, vergonhosa e indecorosamente, perante «o poder» do futebol. Não há meio de se emanciparem, de parecerem governantes dignos desse nome, de aspirarem a ser autarcas a sério.
Cá, como lá fora, anda tudo maluco com «o poder» do futebol, um desporto bonito transformado em poderosíssima indústria de explorar e robotizar atletas e de alienar massas. E, como acontece como todas as maluqueiras levadas a extremos esquizofrénicos, dá nisto. Deve-se milhões? É o preço da paixão. Fora o árbitro! Venham daí mais uns mihões...