janeiro 07, 2004

Perigosas tentações

A justiça e o jornalismo. Os exageros, bem como os erros grosseiros, de parte a parte acabam por redundar nestas tentações perigosas assumidas pela deputada Assunção Esteves: os políticos são achincalhados ao mais alto nível num processo do calibre da Casa Pia, mude-se a Lei de Imprensa, repense-se a «liberdade de comunicação».

Para se chegar a este ponto, muitos estragos de monta foram feitos. Na justiça, o «segredo» respectivo transformou-se numa anedota. Há violações e fugas a toda a hora, que parecem orquestradas milimetricamente por «mãos invisíveis». Letal para qualquer Estado de direito. E os advogados continuam a falar pelos cotovelos. No jornalismo, poucos escapam a tentação de serem os primeiros, mesmo que mal, mesmo que muito mal, para já não falar nos casos de jornalismo de esgoto, em que todos os limites de equilíbrio e bom senso são mandados às malvas em nome da sacrossanta concorrência ou de eventuais interesses mais obscuros do que aquela.


Sejamos claros: em casos-limite, boa parte dos media portugueses não se sabe «auto-regular» sob o ponto de vista jornalístico. Talvez quando levarem com uma revista Lei de Imprensa na cabeça acordem de vez.