Dargis faz uma irónica ligação entre os sarilhos guerreiros em que os States andam metidos, na vida real, e a produção cinematográfica virada para os filmes de guerra, na ficção do celulóide. E tem passagens deliciosas de corrosão.
Leia-se esta: «Hollywood continua a fugir do mundo real e reconhecível - o lugar onde as pessoas trabalham, pagam impostos, formam famílias e conseguem sobreviver sem fogões Viking e sem BMW - em direcção a mundos falsos. A fuga toma várias formas e atravessa géneros, e esta temporada expressa-se através de violências periódicas e estados de guerra.»
Depois deste parágrafo que se segue, Dargis deixa definitivamente de entrar de borla nas salas de cinema dos grandes estúdios: «Hollywood tem estado sempre no negócio de venda de belas mentiras. Tal não faz de filmes como "Master & Commander" nada mais do que entretenimentos satisfatórios, mas é discutível se cenas bem realizadas, ou belas estrelas, realmente tornam essas mentiras mais do que saborosas. Os filmes têm uma forma estranha de oferecer as suas próprias verdades.»
E termina em grande: «O facto de a complexidade ser difícil de vender no mercado global explica porque é que Hollywood tem fugido da realidade e porque é que filmes como "Mystic River" são cada vez mais raros.»