Daniel J. Boorstin, em Os Descobridores.
janeiro 29, 2004
Bagdad, 793
Daniel J. Boorstin, em Os Descobridores.
janeiro 28, 2004
A vida por uma trompete
São muitos os músicos que Miles lançou para o estrelato. Alguns deles (Chick Corea, Dave Holland, Herbie Hancock, Marcus Miller, entre muitos outros), aparecem neste documentário, da autoria de Mike Dibb, evocando a fascinante figura de «black bird».
«The Miles Davis Story» é também para quem não gosta de jazz.
janeiro 27, 2004
Protesto de traseiras
O Porto que não vem nos postais
janeiro 25, 2004
A mentira é um arma de destruição maciça
Como se isso não bastasse, o ex-chefe da equipa norte-americana que procurava provas físicas da existência de armas de destruição em massa no Iraque veio também dizer, inesperadamente, que não acredita que existisse aquele tipo de armas em solo iraquiano.
Há dias, uma toupeira de alto nível «bufou» que a Invasão do Iraque estava prevista muito antes do 11 de Setembro.
Ainda haverá por aí, sobretudo entre os nossos caseiros fazedores de opinião, alguns dos quais directores de jornais e certos colunistas ingénuos, que tenha o desplante de defender a invasão do Iraque a pretexto das armas de destruição maciça? Continuarão a ter a lata de mostrar-se mais bushistas que os próprios Bush & Blair nesta matéria?
No entanto, é de esperar que o circo da mentira, da hipocrisia e da ilegalidade continue. O delirante presidente americano e o seu mais fiel seguidor, o infeliz do Blair, perante as sucessivas evidências de que tudo isto foi uma grande tanga montada para defender interesses geopolíticos e petrolíferos, continuarão a bater na tecla de sempre para enganar os tontos. E o que não falta por aí é tontos com grande vontade de ser enganados.
Chegados a isto, seria interessante ir para o terreno e perguntar aos soldados da «coligação» no Iraque: «Que é que vocês acham que estão aqui a fazer?»
janeiro 24, 2004
Bola na lama
Por cá, por entre dívidas ao fisco e à Segurança Social, salários em atraso e ameaças de falência, o panorama futeboleiro não é melhor, como, aliás, tem sido noticiado à saciedade. Mas nisto reside o milagre máximo deste país altamente pelintra: apesar de estarem quase todos enterrados em dívidas, de mal terem dinheiro para mandar cantar um cego, de viverem muito acima das suas posses, os clubes constroem estádios milionários e inflacionam os salários astronómicos dos «heróis» (esta história de chamar heróis à rapaziada...) dos relvados para gáudio de turbas ululantes.
E o Estado, com os governantes à cabeça e os autarcas de paróquia no fim das quatro linhas, continuam a curvar-se, vergonhosa e indecorosamente, perante «o poder» do futebol. Não há meio de se emanciparem, de parecerem governantes dignos desse nome, de aspirarem a ser autarcas a sério.
Cá, como lá fora, anda tudo maluco com «o poder» do futebol, um desporto bonito transformado em poderosíssima indústria de explorar e robotizar atletas e de alienar massas. E, como acontece como todas as maluqueiras levadas a extremos esquizofrénicos, dá nisto. Deve-se milhões? É o preço da paixão. Fora o árbitro! Venham daí mais uns mihões...
janeiro 20, 2004
Dica cinéfila
O primeiro foi sobre as condições, terríveis, em que os realizadores trabalham na China. Censura, controlo artístico, garrote financeiro, perseguição, limites ao nível da distribuição e exibição. Um absoluto sufoco. Oportunidade rara para ver falar na televisão gente brilhante que quase nunca aparece, como Chen Kaige.
Maus fígados
O embaixador, fazendo a sua própria intepretação da obra em causa, sentindo-se ofendido, uma ofensa ao seu próprio povo, desatou ali a partir aquilo tudo. Cena patética. Para já, a um embaixador, qualquer embaixador, exige-se outro nível de comportamento e de decoro. Depois, qualquer cidadão civilizado e culto sabe conviver com a liberdade artística. Quando não gosta, pode criticar. Mas este embaixador puxou do estilo Sharon e tratou ali do mesmo do assunto.
E depois admiram-se de o anti-semitismo andar por aí nos tops de popularidade na Europa...
janeiro 17, 2004
Fumo e cinzas
janeiro 14, 2004
Lua, a próxima invasão de Bush
A saber, tal como vem hoje trancrito no Público: «A guerra desencadeada pelos Estados Unidos no Iraque não só foi "desnecessária" como resultou de um erro estratégico ao reunir "regimes como o de Saddam Hussein e a Al-Qaeda como se fossem uma única ameaça não diferenciada".» Fala quem sabe de guerras.
Depois, ainda segundo o relatório, «"a natureza e parâmetros" da guerra global ao terrorismo continuam "frustrantemente difusos"». Boa parte da culpa disso «reside em que a Administração resolveu transformar adversários diversos (estados, terroristas, armas de destruição maciça, etc.) numa mesma "ameaça monolítica". Ao fazê-lo, "subordinou a clareza estratégica à clareza moral que procura na sua política externa e pode ter colocado os Estados Unidos numa via de conflito aberto e gratuito com estados e entidades não estatais que não constituem uma ameaça grave".»
Outra das acertadas do relatório reza asssim: «A consequência - diz o documento - foi uma guerra preventiva desnecessária contra um Iraque que estava contido e que criou uma nova frente no Médio Oriente para o terrorismo islâmico e desviou atenção e recursos da operação de garantir a segurança do solo americano contra mais ataques de uma Al-Qaeda que não pode ser contida». Mais claro, não podia ser.
O problema é que, entretanto, a prioridade de Bush virou-se para outro lado. Bagdade já deu o que tinha a dar. O homem agora sonha é em invadir a lua.
janeiro 12, 2004
Ariel, chá e democracia
janeiro 10, 2004
Maria promete
Seria uma enorme injustiça reduzir o merecido sucesso desta nova cantora ao facto de ser filha de quem é. Ela tem tudo para brilhar por si só, apesar de ter de suportar na sua voz o mito indelével de Elis Regina.
Fuga para Marte
Caso Torres seja eleito presidente da Câmara de Amarante, restará aos amarantinos lúcidos uma única solução: apanhar a próxima sonda para Marte.
Pedra lascada
Infelizmente, desta vez, o «dr.» Alberto tem integralíssima razão. Ele e o Continente vivem em épocas claramente distantes: na dele, ainda se lasca a pedra.
janeiro 07, 2004
Perigosas tentações
Para se chegar a este ponto, muitos estragos de monta foram feitos. Na justiça, o «segredo» respectivo transformou-se numa anedota. Há violações e fugas a toda a hora, que parecem orquestradas milimetricamente por «mãos invisíveis». Letal para qualquer Estado de direito. E os advogados continuam a falar pelos cotovelos. No jornalismo, poucos escapam a tentação de serem os primeiros, mesmo que mal, mesmo que muito mal, para já não falar nos casos de jornalismo de esgoto, em que todos os limites de equilíbrio e bom senso são mandados às malvas em nome da sacrossanta concorrência ou de eventuais interesses mais obscuros do que aquela.
Sejamos claros: em casos-limite, boa parte dos media portugueses não se sabe «auto-regular» sob o ponto de vista jornalístico. Talvez quando levarem com uma revista Lei de Imprensa na cabeça acordem de vez.
janeiro 06, 2004
Provedores em cheio
janeiro 05, 2004
Os triunfos da guerra
Dargis faz uma irónica ligação entre os sarilhos guerreiros em que os States andam metidos, na vida real, e a produção cinematográfica virada para os filmes de guerra, na ficção do celulóide. E tem passagens deliciosas de corrosão.
Leia-se esta: «Hollywood continua a fugir do mundo real e reconhecível - o lugar onde as pessoas trabalham, pagam impostos, formam famílias e conseguem sobreviver sem fogões Viking e sem BMW - em direcção a mundos falsos. A fuga toma várias formas e atravessa géneros, e esta temporada expressa-se através de violências periódicas e estados de guerra.»
Depois deste parágrafo que se segue, Dargis deixa definitivamente de entrar de borla nas salas de cinema dos grandes estúdios: «Hollywood tem estado sempre no negócio de venda de belas mentiras. Tal não faz de filmes como "Master & Commander" nada mais do que entretenimentos satisfatórios, mas é discutível se cenas bem realizadas, ou belas estrelas, realmente tornam essas mentiras mais do que saborosas. Os filmes têm uma forma estranha de oferecer as suas próprias verdades.»
E termina em grande: «O facto de a complexidade ser difícil de vender no mercado global explica porque é que Hollywood tem fugido da realidade e porque é que filmes como "Mystic River" são cada vez mais raros.»
A rebelião das minorias
Mais à frente, sobre a surpresa que lhe causou a queda do Muro de Berlim: «(...) Apollinaire escreveu uma novela em que o Papa anuncia que Deus não existe e a Igreja vai fechar. Foi isso que aconteceu em 1989, e parece-me que ainda não o compreendemos totalmente.»
A conversa com este romeno, sobrevivente da II Guerra e ex-operário, sabe a pouco. Podia, e devia, ter tido mais espaço no caderno Actual. Mesmo assim, a ler sem demora.
janeiro 04, 2004
Bem longe do paraíso
Haynes embrulha a narrativa com as cores fortes e os planos previsíveis dos filmes de Hollywood daquela década, mas fica-se por aí. A dissecação dos podres das personagens é depois feita de uma forma quase crua, arrasando com os estereótipos da família ideal. Ideal, só na fachada. Dentro de portas, o marido, homem de negócios de sucesso, descobre-se homossexual; a esposa, mãe de filhos, dona de casa, luta para manter as aparência de que tudo vai bem, ao mesmo tempo que se desintegra emocionalmente para cair, desamparada, nos braços de um negro.
Por entre uma serenidade algo desarmante, tudo vai mal e acaba mal nesta história. Enfim, como quase sempre acontece na vida real. Um filme agridoce a registar.
janeiro 03, 2004
Aqui há gato
Entre as diversas histórias mal contadas, no entanto, uma começa a distinguir-se pela sua natureza selectiva (dir-se-ia cirúrgica no jargão militar): a da cor partidária dos nomes expostos na praça pública.
Neste particular, parece cumprir-se uma estranha lei das probabilidades: quando se é do PS, a probabilidade de o nome sair chapado num jornal e depois amplificado pelo resto da trupe mediática tem-se revelado substancialmente mais elevada do que quando se é membro dos restante partidos. Quando o partido é o do governo, parece que aquela probabilidade mirra de forma significativa.
Veja-se a velocidade com que os nomes de Jorge Sampaio e António Vitorino foram cuspidos pela comunicação social e tornados em escandaleira nacional logo a abrir 2004. Observe-se, por contraponto, o caso silencioso (silenciado?) de um ex-ministro do actual governo cujo nome, com fotografia, saiu, há já alguns meses, na primeira página do Correio da Manhã como tendo sido referido no processo Casa Pia. Nem uma linha nos outros jornais no dia seguinte. Nem um tugido nas rádios. Nem centelha de repercussão nas televisões, tão lestas se têm mostrado a disparar sobre outros nomes. Estranho, não é? O ministro, entretanto, demitiu-se.
Cabala política? Omerta (lei do silêncio) mediática? Pesos e medidas à medida de quem manda? Meras coincidências? Propensão partidária selectiva para certos desvios sexuais? Jogadas de alto risco com o segredo de justiça? Luta de galos de barra de tribunal? Intoxicação judicial? O cidadão comum, desarmado de escutas telefónicas ou detectives privados, não tem meios para chegar a certezas. Mas, tendo em conta aquilo que é possível ir seguindo a olho nu, há pelo menos uma conclusão simples e legítima que pode tirar: aqui há gato.
Proust e o prazer da leitura
É inevitável voltar atrás e sublinhar a lápis: «Como não passamos todos, nós os vivos, de mortos que ainda não entraram em funções,...»
janeiro 02, 2004
Portugal 2004
O mote está dado. O ano novo promete.