Os jogos de promiscuidade político-jornalística e vice-versa prosseguem a bom ritmo nalguma respeitável imprensa nacional. Trinta anos depois do 25 de Abril, grupos de comunicação, políticos da primeira à última linha e jornalistas nem carne nem peixe continuam a brincar alegremente às casinhas uns com os outros. Veja-se a ponta do icebergue neste lead do Público de ontem:
«A Direcção do "Diário de Notícias" está a proceder a alterações na estrutura de chefia da redacção, tendo nesse âmbito escolhido para um dos cargos de editor executivo adjunto Francisco Almeida Leite, tido como próximo do presidente da Câmara de Lisboa, Pedro Santana Lopes (PSD). (...)
É assim mesmo? Não é? Próximo, quê, chegadinho ou assim-assim? Exagero, alfinetada da concorrência? Desconte-se. O problema aqui vai dar todo à eterna mulher de César... É que, antes disto, o ex-jornalista-assessor-assessor-jornalista de Cavaco e de Martins da Cruz havia cometido o monumental erro de ter aceite o convite para dirigir o DN. Alguém cometeu um erro ainda maior ao escolhê-lo.
De uma assentada, Fernando Lima pôs o seu nome na berlinda e deu uma machadada violenta na credibilidade do título centenário. Para já não falar na dignidade do próprio jornalismo. Quem se importa? A partir daqui, ficou inquinada qualquer possibilidade de haver leituras «sãs» de quaisquer mudanças na hierarquia, como as que agora ocorreram e que passaram também pela mudança no editor de Política, secção sempre muito delicada em todo o lado...
Quando é que estas charadas, estes joguinhos de capoeira, acabam de vez? É com estas e muitas outras (o pobre do zé povo nem sequer lhes chega a snifar o esturro) que a comunicação social espera credibilizar-se?
Estão à espera que o 25 de Abril faça 60 anos de idade?