O Porto, como se sabe, não é nenhum paraíso cultural. Mas, ainda assim, sobrevive. Algumas iniciativas, no entanto, mereciam melhor sorte, ou, pelo menos, maior afluência.
É o caso da uma das exposições patentes no Centro Português de Fotografia, dedicada a 150 anos de fotografia espanhola. Naquelas paredes da antiga Cadeia da Relação estão penduradas pequenas-grandes jóias históricas a preto e branco, retratos do país vizinho em tempos idos.
Algumas das imagens, belíssimas, datam da segunda metade do século XIX. São um verdadeiro espanto, ou, como escrevia Pedro Miguel Frade, figuras do espanto.
O centro de uma cidade, a vendedeira de perús, o pescador, as carregadoras de malas, a menina à janela, as prostitutas, as velhinhas das aldeias desertas, o retrato do pintor absorto, o pai com o filho morto no colo, a sublevação, as detenções, a infanta, a República, a guerra civil, o bandido do Franco, o corpo nu, o copo abstracto.
É um bom pedaço da história de Espanha que ali está retratado. Imperdível.