O livro Cada Vez Mais Rápido, escrito por James Gleick, lê-se bem e depressa. Não por ser fraco, mas por constituir uma leitura muito estimulante.
Não se espere, no entanto, desta obra altas reflexões filosóficas ou grandes abstracções teóricas sobre a problemáticas da velocidade a que vivem as sociedades contemporâneas tecnologicamente mais desenvolvidas.
Gleick opta antes por nos defrontar com a imagem quase caricatural que essas sociedades dão de si mesmas a qualquer observador atento: sempre stressadas, sem tempo para ter tempo, escravas, ou paranóicas, do segundo, comendo mal e depressa, dormindo pouco ou nada, fazendo sexo ao cronómetro, trabalhando até cair para o lado, divertindo-se pouco e mal, procurando sempre fazer várias coisas ao mesmo tempo (a mania das multitarefas), em suma, sociedades vítimas do que o autor chama o mal da pressa.
Gleick vai buscar alguns exemplos a estudos e estatísticas que são, no mínimo, alarmantes. Por exemplo, alunos de um conservatório de música que ficam perturbados quando, numa qualquer peça, há um momento de pausa: ficam quase em pânico, ansiosos, incapazes de lidar com a suspensão do som; o silêncio de alguns segundos parece-lhes insuportável.
Aceleração do ritmo de vida, mas também das psiques: é preciso pensar cada vez mais rápido, reagir cada vez mais depressa, à estimulação que as tecnologias e os meios de comunicação provocam.
Haverá limites para toda esta aceleração? Gleick acha que sim: «Estamos a deparar-nos com um limite de velocidade. Só podemos levar a comunicação em tempo real até um certo ponto - pelo menos até que a humanidade se torne um único organismo com as suas partes combinadas sob a forma de uma consciência à velocidade da luz. O limite é a nossa própria mente. Temos velocidade de cruzeiro finitas.»