setembro 16, 2007

Wittgenstein: um filme sobre um homem difícil

Wittgenstein é um filme sobre um filósofo "difícil": Ludwig Wittgenstein. Derek Jarman, já em final de vida, com recursos financeiros diminutos, mas com uma criatividade imensa, conseguiu produzir uma obra de câmara cativante a partir de um tema aparentemente árido.

Jarman filmou tudo num estúdio de Waterloo. Os cenários são minimalistas e estilizados, as cores garridas, o fundo invariavelmente negro. Há muito Caravaggio pintado aqui. Aliás, muitas das imagens assemelham-se a verdadeiras pinturas.


O actor Karl Johnson dá corpo, de forma magistral, a um Wittgenstein excêntrico, temperamental, intolerante para com a imperfeição, e sexualmente ambíguo. Wittgenstein buscava a perfeição e a lógica num mundo imperfeito e irracional. E a filosofia, dizia, só ajudava a turvar ainda mais as coisas. Neste excerto, diz que se vai suicidar só porque lhe fizeram um gesto obsceno na rua:

Wittgenstein (1993) é pouco linear na concretização da biografia do conhecido filósofo austríaco. Jarman pega no refrão, isto é, no argumento, e vai por ali fora, como um músico de jazz, construindo um solo ao sabor do seu talento.