novembro 14, 2008

A escrita eterna de Savater

Regresso à escrita de um velho amigo. Amigo de horas sem fim a lê-lo. Com aquele prazer de quem, como dizia Borges, abre os livros em busca de sabedoria.

Em A Vida Eterna, Fernando Savater convida-nos a acompanhá-lo numa reflexão sobre a religião, a razão, a morte e a vida eterna. Vida eterna em que ele, como «modesto ateu» convicto, não acredita: «Estas reflexões incertas acerca da vida eterna são fraternalmente dedicadas a todos os que nela não acreditam».

O livro, naturalmente, "engata-nos" logo nas primeiras levas de leitura. Outra coisa não seria de esperar de uma obra que nos recebe com um excerto da Metafísica, de Alberto Caeiro:

«Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
da minha janela (mas ela não tem cortinas)...»