junho 04, 2007

Lipovestsky e a felicidade

Algumas ideias, em formato de citação, a reter do texto publicado no último sábado, no Público, a propósito de uma conferência de Gilles Lipovestsky em Lisboa. Sobre a "busca da felicidade":

«Hoje em dia, somos livres de escolher as nossas actividades de lazer, mas estamos cada vez mais sob o império da oferta comercial. Somos livres ao nível dos pormenores, mas o mercado ganhou um poder sem precedentes na vida de cada um e sobre a maneira de concebermos a felicidade em termos de dia-a-dia. Neste dilúvio de convites a desfrutar da vida, a distância entre a felicidade que nos é prometida e o real, o quotidiano, é cada vez maior. E essa glorificação da felicidade provoca problemas existenciais.»

«Abandonado a si próprio, numa sociedade hiper-individualista, o indivíduo hiper-moderno é frágil.»

«Mas só uma outra paixão poderá permitir reduzir a paixão consumista; temos de inventar uma pedagogia, uma política das paixões, capaz de mobilizar os afectos fora do consumível, da compra: no trabalho, no desejo, na criação, na arte. Temos de criar uma ecologia mais equilibrada da existência.»

«A felicidade foge obstinadamente ao controlo humano. É ilusório pensar que podemos construir a felicidade.»


P.S. post escrito ao som de Snow Abides, de Michael Cashmore.