Recordam-se? Foi Michael Moore que subiu ao palco dos Oscares para dizer, de prémio da Academia na mão, «Shame on you, Mr Bush, shame on you!», a propósito da invasão do Iraque pelas tropas da «coligação» liderada pelos EUA. A pose frontal, por vezes brutal e directa, é a imagem de marca deste jornalista-realizador, um pesadelo de peso dos conservadores (e que conservadores inenarráveis!) norte-americanos. O actor Charlton Heston, presidente da mais importante associação de armas dos Estados Unidos, que o diga.
A tentação de seguir as pisadas que Moore dá na cultura de violência - histórica, estrutural - do seu país é grande. Ele utiliza o argumento e a sedução em doses iguais. É absolutamente demolidor no retrato que faz dos instintos de ataque e de defesa dos seus concidadãos. O ponto de partida, o «clique» que o fez avançar para este mergulho no lado negro e difícil de explicar da América, foi o já tristemente célebre tiroteio no liceu de Columbine.