A qualidade de políticos presidenciáveis, ministeriáveis e secretariáveis tem vindo a deteriorar-se de tal modo nos últimos anos que até a notícia de que Cavaco Silva vai avançar para Belém é uma boa notícia. Sobretudo quando, no partido do antigo primeiro-ministro, Santana Lopes faz o que pode para se pôr em bicos de pés e no PS só falta o recurso ao anúncio de jornal: «candidato de esquerda a sério procura-se».
Ora, Santana Lopes está longe de reunir o perfil de um verdadeiro «homem de Estado», na boa e velha acepção do ideal: um homem fiável, íntegro, inteligente, moderado, firme, sábio, experiente, não populista e muito menos popularucho à custa da TV. Um «homem de Estado» é alguém conhecido mais pela sua coerência de carácter do que pela sua vida nocturna. Um «homem de Estado» não tem no currículo a presidência de clubes de futebol nem poses «light» na revista Caras. Certo? Ou o país está desesperado ao ponto de aceitar discutir o conceito de «homem de Estado» ao nível do pior que há na América Latina ou em África?
Santana Lopes presidente, Paulo Portas «primeiro-ministro», Telmo Correia no Parlamento, não é um país: é um pesadelo.