abril 07, 2006

Tabaco II: infantilização galopante

Tal como se esperava, a verborreia do "fundamentalismo anti-tabagista" aí está. Veja-se o editorial do DN de hoje, assinado por Helena Garrido:

«Fumar prejudica a saúde e é preciso condicionar o consumo de tabaco. Estamos todos de acordo. Mas já não estamos de acordo com esta fúria de ama-seca que se apossou do Estado, reflectida no fundamentalismo anti-tabagista e nas mais variadas regulamentações e proibições de escolhas privadas. As democracias ocidentais estão a gerar a infantilização de todos nós.»

Ora, o Estado deve intervir sempre que os cidadãos se revelem infantis e com a sua infantilidade prejudiquem gravemente o bem-estar dos outros. Por isso, o Estado deve, sim senhor, ser uma "furiosa ama-seca" quando a criançada adulta portuguesa se põe a conduzir bêbada, maltrata os seus bebés no conforto do lar, ou, claro está, se põe a fumar impunemente em qualquer lado, tipo «estou a fazer o que bem me apetece e se isso incomoda os outros, que se lixem!.» Querem atitude mais infantil?

Fumar num restaurante ou no escritório não é uma escolha privada. Privado é fumar em casa. Em locais públicos, é uma decisão pessoal com implicações públicas. Um pouco de John Stuart Mill não faria mal a este debate.

Cara Helena Garrido: as democracias ocidentais não estão a gerar a infantilização de todos nós. Estão, em muitos casos, é a tentar acabar com a infantilização galopante de muitos milhões de democratas do ocidente.