O jornalismo habitua-nos a lidar com más notícias todos os dias. Aliás, boa parte do quotidiano jornalístico é mergulhado na atmosfera pesada das más notícias. Mas há umas mais más do que outras. Morreu o historiador Daniel Boorstin.
Há autores com quem passamos tantas noites, noite adentro, página após página, 100, 200, 400, que, de certa forma, eles se tornam cá de casa. A morte de Boorstin apanha-me quase no final da leitura do seu colossal Os Descobridores. A nossa concepção do mundo e do homem muda muito depois de passarmos por esta montanha de saber compilada em papel. O velho historiador era também um belo contador da história e das histórias da Humanidade, do nosso longo e sinuoso percurso.
Outra obra marcante dele, imperdível, é Os Pensadores, ou a história da constante busca do homem para compreender o seu mundo, com incidência nos filósofos.
Boorstin deixa uma obra monumental. Terá enriquecido a cabeça de muita gente por esse planeta fora. Mas a sua morte não fará, certamente, notícia no telejornal.
Na notícia sobre a morte de Boorstin, o Monde recorda uma bela frase do autor: «O maior obstáculo à descoberta não é a ignorância, mas a ilusão do conhecimento.»