O primeiro-ministro dinamarquês tem toda a razão (a razão anda cada vez mais arredada das religiões) ao recusar pedir desculpa pelo facto de jornais do seu país terem publicado caricaturas de Maomé.
Tem razão Rasmussen ao explicar que o seu governo «não controla os meios de comunicação, são livres» e que por isso não pode pedir desculpa em nome deles. Tem razão ao lembrar aos muçulmanos que a liberdade de imprensa, sátira incluída, é um valor insubstituível na Dinamarca. Revela falta de coragem e clarividência a parte da classe política dinamarquesa que condena Rasmussem por defender estas razões.
Tiveram coragem jornais de outros países que publicaram caricaturas de Maomé como forma de afirmarem esse valor-chave das democracias ocidentais que é a liberdade de expressão. Foi o caso do diário espanhol El País.
De facto, as crenças religiosas, sejam elas quais forem, não devem, não podem, impor-se à liberdade de expressão onde quer que esta exista. Que isso aconteça em países muçulmanos, liberdade deles, problema deles. Que esses países queiram impor ditames de liberdade a outras civilizações, isso é revelador, no mínimo, de uma noção de tolerância civilizacional intolerável.
Mas as intolerâncias de raiz religiosa não escolhem religião. Há anos, defendi o direito que o cartonista do Expresso António tinha de caricaturar o Papa pondo-lhe um preservativo no nariz. Na altura, o povo católico também se levantou em coro contra a publicação deste boneco.
É precisamente nestas alturas que a liberdade, como valor absoluto, deve levantar-se e falar mais alto.
De facto, as crenças religiosas, sejam elas quais forem, não devem, não podem, impor-se à liberdade de expressão onde quer que esta exista. Que isso aconteça em países muçulmanos, liberdade deles, problema deles. Que esses países queiram impor ditames de liberdade a outras civilizações, isso é revelador, no mínimo, de uma noção de tolerância civilizacional intolerável.
Mas as intolerâncias de raiz religiosa não escolhem religião. Há anos, defendi o direito que o cartonista do Expresso António tinha de caricaturar o Papa pondo-lhe um preservativo no nariz. Na altura, o povo católico também se levantou em coro contra a publicação deste boneco.
É precisamente nestas alturas que a liberdade, como valor absoluto, deve levantar-se e falar mais alto.