O Iraque é notícia quase todos os dias pelas piores razões possíveis. Há sempre morte, sangue e caos para relatar. Chegados a esta altura, já toda a gente percebeu, excepto Bush e os seus obtusos neocons, que os EUA estão atolados numa grandessíssima trapalhada, ainda por cima mais cara, em termos financeiros, que o terrível Vietname. Como conseguiu esta administração norte-americana ser tão cega? Ou, mais prosaicamente, tão burra? Como cometeu semelhantes erros de cálculo? Por que mentiu tão descarada e empoladamente ao mundo? Numa pergunta: porquê?
Para se perceber como se chegou a este desastre total, que os mais avisados antecipavam antes mesmo da invasão, ilegal, do Iraque, a leitura do livro Iraque: História de um Desastre, de Ignacio Ramonet, é de leitura obrigatória.
Com a clareza e acutilância do costume, o director do Monde Diplomatique vai ao fundo dos interesses, quase sempre obscuros ou descaradamente oportunistas, daqueles que fizeram a cabecinha do presidente norte-americano: Cheney, Rumsfeld, Wolfowitz e outras tantas figuras sinistras que não aprenderam nada com a história e fomentaram o delírio militarista na Mesopotâmia.
«Está longe o tempo em que os "falcões" do Pentágono anunciavam que as forças de invasão seriam recebidas como libertadoras... Mas este colossal erro de análise está na origem da actual desordem. Embriagados de poder, os ideólogos de Washington tinham pressa em usar a terrível máquina de guerra norte-americana para realizarem o seu sonho delirante de "redesenhar o Médio Oriente". Tudo se volta agora contra eles.»
Leitura incontornável para quem não queira andar em manada, portanto.