julho 21, 2005

Religião e esfera pública

O texto que Vital Moreira escreveu, anteontem, no Público, é de leitura obrigatória. Para crentes e não crentes, Pós-Secularismo fala sobre um ressurgimento religioso que parece contrariar «o longo movimento de secularização das sociedades modernas e de tendencial diminuição do papel da religião na esfera pública.»

É um fenómeno da maior relevância e, ao contrário de muitos temas que dominam a agenda mediática, verdadeiramente importante para o presente e o futuro das sociedades contemporâneas.

Duas passagens particularmente interessantes:

«Em si mesmo, o ressurgimento da religião não suscitaria nenhuma preocupação política, não fosse ele acompanhado de um fenómeno de radicalização e de fundamentalismo, o qual não escolhe infelizmente igrejas nem confissões, mas que tem os seus pontos altos no mundo islâmico, nos movimentos evangélicos dos Estados Unidos e no extremismo judaico.»

«Ao contrário do que pretendem muitos dos movimentos religiosos, a dessecularização da sociedade não obriga a rever a secularização do Estado, pelo contrário, é justamente porque o ressurgimento e a radicalização religiosa criam um potencial de dissenção e intolerância religiosa e de conflito civil, que o Estado mais deve salvaguardar a sua neutralidade e não-identificação com qualquer religião.»

Não podia estar mais de acordo com Vital Moreira.