No Travessias Digitais, recordo os tempos idos do nascimento do ciberjornalismo em Portugal.
maio 30, 2005
maio 25, 2005
Jornadas de jornalismo
Rogério Santos, no blogue Indústrias Culturais, escreve hoje algumas (e oportunas) notas resultantes da sua participação nas jornadas de reflexão sobre o ensino e a investigação do jornalismo e das ciências da comunicação em Portugal que decorreram, ontem, nas instalações da licenciatura em jornalismo e ciências da comunicação da Universidade do Porto.
maio 20, 2005
Mau estado
O bastonário da Ordem dos Advogados diz que o estado da justiça em Portugal é «aterrador». Pode restar-lhe o consolo de saber que o estado de Portugal é ainda pior.
maio 19, 2005
Porcos e maus
O relato é da senhora da pastelaria, de olhos bem abertos, mão no peito, ar consternado. Na esquina de uma pacata rua do Porto, dois carros quase batem porque o condutor de um deles estacionava, mal, em cima da passadeira.
Os dois condutores saem dos respectivos bólides, a conversa descamba para os trovões, um deles saca de uma navalha de ponta-e-mola e rasga a perna ao outro. E pronto, nem mais um pio.
Faltam as provas científicas, mas algo me diz que o embrutecimento acelerado do homem das urbes tem alguma coisa a ver com a Organização Mundial do Comércio.
Os dois condutores saem dos respectivos bólides, a conversa descamba para os trovões, um deles saca de uma navalha de ponta-e-mola e rasga a perna ao outro. E pronto, nem mais um pio.
Faltam as provas científicas, mas algo me diz que o embrutecimento acelerado do homem das urbes tem alguma coisa a ver com a Organização Mundial do Comércio.
maio 13, 2005
O Tom certo
Este álbum de Tom Waits, ao mesmo tempo soturno, doido (a começar pelo título, Swordfishtrombones...), meio surreal e melódico, é uma pequena jóia. Waits conta-nos histórias do diabo! Como a de um maluco que deita fogo à própria casa por, entre outras coisas, estar farto do cão e da mulher. Tal como Laurie Anderson, o velho Tom adora contar histórias. Para gáudio absoluto dos bons ouvidos do planeta.
maio 12, 2005
Más influências
À medida que as peças do puzzle se vão juntando, menos dúvidas sobram sobre o oportunismo descarado e leviano que marcou os últimos dias do governo de gestão de Santana Lopes. E que "gestão"! Quem lá estava parece ter tido a preocupação suprema de tomar decisões, a dias das eleições e até depois das mesmas, de forma a favorecer colaboradores, assessores, conhecidos, amigos, patrocinadores, lóbis privados. E, pelo que se começa a ver, com o Estado a sair invariavelmente lesado.
Esta vampirização dos poderes da administração central, vinda de quem vem, até que nem espanta por aí além. Foram inúmeros os sinais de irresponsabilidade, desorientação, má preparação e leviandade dados, quer pelo próprio Santana Lopes, quer por vários membros do seu "governo". Só se esperava é que esta gente, que lá foi parar por manifesto destrambelhamento político apadrinhado por Durão Barroso, não fosse tão amadora a fazer estas coisas. Sabia-se que eram fracos e duvidosos políticos. Mas tanto...
Mais grave de tudo é a monumental machadada que estas luminárias acabam por dar na já debilitada credibilidade dos políticos e do próprio sistema democrático. Isto é, Lopes e os seus amoucos (amouco é um índio que jura morrer pelo seu chefe)continuam, ainda hoje, a levar muito bom cidadão português para as fileiras dos cépticos e abstencionistas.
maio 10, 2005
Futebol lamaçal
O putrefacto e indigesto mundo do futebol profissional em Portugal está em grande forma. Segundo noticia hoje o Público, os clubes portugueses continuam com "as calças na mão" e a gastarem o dinheiro que não têm. A situação financeira deteriora-se de dia para dia e o presidente da Liga diz que é por causa dos salários. Pois...
Já em A Bola escreveu-se, pelos vistos, um editorial lúcido (lucidez é o que mais falta no futebol) no qual se diz que aquele jornal não vai publicar afirmações que incitem à violência ou que lancem dúvidas sobre a integridade moral e cívica de qualquer cidadão. A ideia é boa, mas não vai aguentar-se, pois o factor concorrência tratará de a exterminar rapidamente.
E mais se escreveu, sobre aspectos que quem não doente pela bola (doença é a palavra certa em muitos casos) já há muito viu: muitos dirigentes desportivos perderam «o sentido do rigor, do bom senso e até das suas responsabilidades desportivas e cívicas» (são palavras eufemísticas: o que A Bola queria mesmo dizer é que muita deste ilustre gente futeboleira é uma besta), «o clima que se vive é de conflitualidade permanente, quase de belicismo e de guerra aberta», «há pressões sobre a arbitragem», os jogadores foram, coitadinhos, atirados para um «estúpido degredo social». Um rol de desgraças que toda a gente conhece, quanto mais não seja porque o país vive mergulhado, por obra dos media, num caldo diário incontornável de "magia da bola".
O que é seriamente de lamentar nisto tudo é que, apesar de o futebol ter caído numa fossa nauseabunda, por lá continuamos a ver chafurdar ilustres políticos nacionais, autarcas de coluna rasteira, empresários de charuto, canais de televisão, ávidos jornalistas e toda uma trupe de "actores sociais" à procura das migalhas que porventura sobrem da mesa dos "heróis" dos estádios... A degradação do futebol é o espelho de todo um país.
Já em A Bola escreveu-se, pelos vistos, um editorial lúcido (lucidez é o que mais falta no futebol) no qual se diz que aquele jornal não vai publicar afirmações que incitem à violência ou que lancem dúvidas sobre a integridade moral e cívica de qualquer cidadão. A ideia é boa, mas não vai aguentar-se, pois o factor concorrência tratará de a exterminar rapidamente.
E mais se escreveu, sobre aspectos que quem não doente pela bola (doença é a palavra certa em muitos casos) já há muito viu: muitos dirigentes desportivos perderam «o sentido do rigor, do bom senso e até das suas responsabilidades desportivas e cívicas» (são palavras eufemísticas: o que A Bola queria mesmo dizer é que muita deste ilustre gente futeboleira é uma besta), «o clima que se vive é de conflitualidade permanente, quase de belicismo e de guerra aberta», «há pressões sobre a arbitragem», os jogadores foram, coitadinhos, atirados para um «estúpido degredo social». Um rol de desgraças que toda a gente conhece, quanto mais não seja porque o país vive mergulhado, por obra dos media, num caldo diário incontornável de "magia da bola".
O que é seriamente de lamentar nisto tudo é que, apesar de o futebol ter caído numa fossa nauseabunda, por lá continuamos a ver chafurdar ilustres políticos nacionais, autarcas de coluna rasteira, empresários de charuto, canais de televisão, ávidos jornalistas e toda uma trupe de "actores sociais" à procura das migalhas que porventura sobrem da mesa dos "heróis" dos estádios... A degradação do futebol é o espelho de todo um país.
maio 09, 2005
Laurie é do outro mundo...
O espectáculo (concerto? performance?) de Laurie Anderson no Teatro Nacional São João, no Porto, foi uma verdadeira festa, não apenas para os ouvidos, mas em todos os sentidos. Ela entrou em palco vestida de negro. Ninguém bateu palmas. Sentou-se numa poltrona rodeada por um chão coberto de velas e começou a contar as suas histórias.
Laurie é uma espécie de extra-terrestre no panorama musical contemporâneo. Mistura, alegre e irreverentemente, linguagens diversas, dando-lhes uma roupagem nova e inesperada, por vezes recorrendo a uma interessante panóplia de sintetizadores e computadores. Ela própria diz gostar de experimentar. E tem-no feito, sempre, desde o seu primeiro álbum, Big Science.
Ao Porto, trouxe-nos, para além do imenso talento e presença magnética em palco, uma vintena de histórias sobre "o fim da Lua", a partir da experiência de ter sido, durante algum tempo, artista-residente na NASA. O tom do concerto, com histórias faladas e música de violino sintetizado pelo meio, lembra um dos mais curiosos discos dela, The Ugly One With the Jewels, de 1995.
Mas nem só do lado escuro da Lua, dos astronautas, do tempo, das estrelas, de Marte falou (cantou?) esta nova-iorquina muito especial. Pelo meio das histórias surgia o espectro dos ataques às torres gémeas, o medo face ao perigo "que chega de cima", a paranóia securitária. Aparecia também o amor, a desilusão, a incomunicação, a luz, o absurdo, a sua estimada cadela Lolabelle, os pequenos nadas de todos os dias. Nadas? Só mesmo ela para dar, aparentemente sem sentido, um sentido a coisas tão diferentes.
Laurie Anderson é do outro mundo.
maio 07, 2005
Imprensa: a crise dos quatrocentos
No Travessias Digitais, escrevo sobre a queda de vendas dos jornais nos EUA e a imprensa na Internet.
maio 05, 2005
Bons sinais
Marques Mendes pôs em marcha um verdadeiro PDEC (Período de Desinfestação em Curso) no PSD. Chutou, e muito bem, Isaltino Morais para canto, vetou a recandidatura de Valentim Loureiro para a Câmara de Gondomar e agora só se espera que faça o mesmo com a presidente da Câmara de Leiria, também envolvida no processo Apito Dourado.
De um ponto de vista político e de higiene democrática, estes são bons sinais por parte do líder de um partido cuja credibilidade foi escangalhada pelo populismo de trazer por casa de Santana Lopes. Resta saber se Mendes mantém a coerência de actuação política em relação a outros casos e a outros problemas, como esse, bicudo e retinto, chamado Alberto João Jardim...
maio 03, 2005
Léo Ferré: "trop tard..."
De vez em quando, tropeçamos numa velha cassete VHS que já vimos algumas vezes. A fita, desgastada, deixa transparecer os inúmeros visionamentos já feitos. Mas... rever Ferré, a actuar ao vivo, a falar da vida, a exultar com Apollinaire, a revoltar-se contras todas as formas de opressão, a defender apaixonadamente a (sua) anarquia, é sempre um momento único de arrebatamento inspirador.
Léo Ferré morreu há doze anos. A cultura dos media de massas esqueceu, quase por completo, este monegasco provocador, genial, absoluto, marginal, no dom da palavra e da música. Da poesia, enfim. Marcou profundamente a "geração de 60", foi adoptado pela juventude no Maio de 68 e dirá ainda muito a quem, à época, tinha vinte anos e não vivia ainda tão massacrado como hoje pelos hiper-massificados sons e ícones anglo-saxónicos.
Em palco, o homem que cantava que «a crítica é uma forma superior do desespero» suga-nos por completo e esmaga-nos com a força, quase violenta, das suas interpretações. Tem o dom, e o prazer, de nos inquietar, de nos questionar sobre o que vivemos e como vivemos. Faz-nos, por vezes, sentir mal. Agita-nos a pequenez dos dias que passam.
Como gostava de o ter descoberto a tempo de o poder ver ao vivo.... trop tard, trop tard...
Ferré: Sa vie, son oeuvre, et la mémoire et la mer...
Em palco, o homem que cantava que «a crítica é uma forma superior do desespero» suga-nos por completo e esmaga-nos com a força, quase violenta, das suas interpretações. Tem o dom, e o prazer, de nos inquietar, de nos questionar sobre o que vivemos e como vivemos. Faz-nos, por vezes, sentir mal. Agita-nos a pequenez dos dias que passam.
Como gostava de o ter descoberto a tempo de o poder ver ao vivo.... trop tard, trop tard...
Ferré: Sa vie, son oeuvre, et la mémoire et la mer...
Subscrever:
Mensagens (Atom)