O número de asneiras urbanísticas e arquitectónicas que o Porto tem feito nos últimos anos já ultrapassa certamente o cocuruto da Torre dos Clérigos. Vão do desastre de algumas obras da Porto 2001, como é o caso do Jardim da Cordoaria e da caixa de sapatos envidraçada que Nuno Cardoso implantou em frente ao mar e que hoje parece um edifício de Sarajevo, até ao recentíssimo triste caso da Casa da Música.
Pois esta promissora e problemática obra do arquitecto Koolhas vai mesmo, confirmando todas as piores expectativas, algo em que a Invicta se especializou, levar com um mamarracho de sete andares nas suas traseiras, sede de um banco todo envidraçado. Problemas de terrenos, contrapartidas para aqui, ameaças de pedidos de indemnização para acolá, a Câmara tesa que nem um virote, tudo se conjugou primorosamente para chegarmos a mais uma aberração e a um atentado, antes de mais nada, a um mínimo de bom senso.
Do alto da Casa da Música era suposto ter-se vistas para o mar. Mas não. Vamos antes poder contemplar as paredes espelhadas de um dos negócios mais lucrativos do país. E não é de música que estamos a falar.
Uma casa como a da Música merecia uma envolvente adequada que não a sede do BPN. E das duas uma: ou se construía a casa onde está hoje acautelando, logo à partida, situações absurdas como a que agora foi aprovada pela Câmara ou tinha-se escolhido outro local para a construção.
Assim, já em Abril, vamos poder ouvir música com trolhas a acompanhar, pois as obras do banco começam no mês da inauguração da Casa da Música.
Está na altura de os portuenses serem mais exigentes com os seus autarcas, que cultivam um gosto algo perverso pela apresentação de factos consumados ou irreversíveis. O espaço público (nosso, portanto) da cidade é constantemente violado por decisões de políticos impreparados, quando não completamente incultos, e por arquitectos meio egocêntricos, quando não autistas. Os arquitectos não são vacas sagradas. Eles passam, a cidade fica. Por vezes, muito mal tratada por eles. Como salta à vista.
Uma casa como a da Música merecia uma envolvente adequada que não a sede do BPN. E das duas uma: ou se construía a casa onde está hoje acautelando, logo à partida, situações absurdas como a que agora foi aprovada pela Câmara ou tinha-se escolhido outro local para a construção.
Assim, já em Abril, vamos poder ouvir música com trolhas a acompanhar, pois as obras do banco começam no mês da inauguração da Casa da Música.
Está na altura de os portuenses serem mais exigentes com os seus autarcas, que cultivam um gosto algo perverso pela apresentação de factos consumados ou irreversíveis. O espaço público (nosso, portanto) da cidade é constantemente violado por decisões de políticos impreparados, quando não completamente incultos, e por arquitectos meio egocêntricos, quando não autistas. Os arquitectos não são vacas sagradas. Eles passam, a cidade fica. Por vezes, muito mal tratada por eles. Como salta à vista.