Que Bush pague a comentadores para que façam propaganda do governo e que o mesmo Bush ache natural que as televisões locais do seu país exibam "peças de estilo noticioso" produzidas, à custa de dinheiros públicos, por departamentos governamentais, não é propriamente grande novidade, dado o débil calibre intelectual da figura em causa.
O que é chocante nesta história é as televisões colocarem no ar as tais "peças noticiosas" sem informarem os telespectadores de que foram produzidas pelo governo. Os canais funcionam assim como uma espécie de rameiras enganadoras. E aqui, sim, reside a principal fonte de preocupação.
É que, um pouco por todo o lado, a comunicação social aparece cada vez mais vergada a diversos tipos de poderes, com destaque para o político e o económico, cujos interesses se cruzam sistematicamente. A celebrada autonomia do campo jornalístico vai sucumbindo, paulatinamente, às mãos da influência e do dinheiro. Talvez por isso o jornalismo de investigação esteja em vias de extinção. É demasiado caro e incómodo para os poderes instalados.