Eis um livro que muitas pessoas que se acham importantes deviam ler, mas não lêem porque são demasiado importantes para isso.
Em Status Ansiedade, Alain de Botton escreve sobre as angústias dos indivíduos, de hoje e do passado, com a posição que ocupam na sociedade. A nossa importância aos olhos dos outros, ou seja, o nosso estatuto, sempre foi motivo de preocupação ao longo da história.
O autor define a angústia do Status como «a preocupação, perniciosa a ponto de arruinar boa parte das nossas vidas, com o risco de não conseguirmos conformar-nos aos ideiais de sucesso instituídos pela sociedade envolvente e de podermos, por conseguinte, ser despojados da nossa dignidade e respeito.» Enfim, a preocupação de sermos uns "falhados".
Esta angústia possui uma «extraordinária capacidade de inspirar sentimentos pesarosos.» Em parte, porque as pessoas acham sempre que não têm dinheiro, fama ou influência suficientes. E isto, diria eu, explicaria o facto de muito boa gente se matar (quase literalmente) a trabalhar, a bajular, a aldrabar e a obedecer cegamente para "subir na vida".
Como amante da filosofia que é, Botton relativiza a importância que tanta gente dá ao seu próprio Status, que muitas vezes é conseguido pela mera ostentação de bens materiais. Bem vistas as coisas, o estatuto é algo de efémero, varia consoante as épocas e as sociedades e nem sequer é algo que inspire o amor ou a amizade verdadeiros, como Dostoievski demonstrou à saciedade.
Citando Epicteto: «Não é a minha posição na sociedade que faz o meu bem-estar, mas sim as minhas ideias, e estas posso sempre trazê-las comigo... Só elas são minhas e ninguém mas pode tirar.» Esta frase tem dois mil anos...
Como em outras obras suas, Botton escreve com simplicidade e clareza (um bem raro). Nota-se que é um bom leitor de livros (algo que podemos confirmar também em A Arte de Viajar). Disserta sobre figuras maiores da literatura, da pintura, da música, da filosofia, sem reverência nem floreados. Em suma, o escritor acaba por ser um bom pedagogo do saber.
Status Ansiedade, confirma-se, é um excelente complemento à leitura de Affluenza, de Oliver James, sobre o qual escrevi aqui.
Boas leituras, para quem não se importar com o Status que elas dão ou retiram a quem quer que seja.