Não é um romance sobre o amor. Mas também não é um livro de filosofia sobre o amor. É uma primeira obra de ensaios romanceados sobre o amor, escritos por um ex-professor e actual escritor com queda para a filosofia. Alain de Botton, de seu nome.
Nasceu na Suíça, tem 39 anos e vive em Londres. Tem no currículo vários livros (alguns dos quais, como O Consolo da Filosofia, "best sellers") e séries documentais produzidas para televisão.
Botton tem sentido de humor, escreve de forma muito clara, esquiva-se a rodeios na linguagem e procura, de facto, tornar diversas questões filosóficas acessíveis a um público alargado. Esta é, aliás, uma das imagens de marca da sua escrita.
É isso mesmo que procura fazer em Ensaios de Amor, editado pela primeira vez em Portugal o ano passado, pela Dom Quixote. Cada capítulo é iniciado com uma pequena formulação de teor filosófico (a idealização do amor, o subtexto da sedução, corpo e mente, beleza, intimidade, «terrorismo romântico», amor ou liberalismo, «é a beleza que faz nascer o amor, ou o amor que faz nascer a beleza?», etc.) que o autor depois ilustra com um par romanceado que se enamora, conhece e separa no final. Ela, Chloe, e ele, Will. Um casal de namorados, afinal, como milhões de outros.
É um bom livro para entrar na escrita de Botton. Status Ansiedade, uma obra sobre as angústias contemporâneas provocadas pela busca de estatuto social, está na calha. Será, certamente, um bom complemento ao excelente Affluenza, de Oliver James, sobre o qual escreverei um dias destes.