O cinema de Fellini é maior que o próprio cinema. Embora grandiloquente e algo exagerada, é a única frase decente que me ocorre depois de ver O Casanova de Federico Fellini.
Bem vistas as coisas, para qualquer cinéfilo que se preze, Fellini, que dizia que seria uma boa ideia os críticos verem os filmes como se fossem espectadores normais, é um chato. Põe a fasquia de tal modo elevada que nos deixa com a impressão de que todos os filmes que vimos nas últimas 37 semanas não passam de fancaria cinéfila. Perda de tempo. Desperdício visual. Penúria estética.
Donde, paradoxalmente, é preciso resistir aos filmes do Fellini. Lutar contra a vontade de os ver. Pelo menos, durante as próximas 37 semanas. Quanto mais não seja porque nos deixam à beira do abismo de atirar com o cartão de sócio da Blockbuster pela janela fora.
«Casanova é um veneziano, libertino, cuja vida é uma sequência de aventuras amorosas. Após um caso com uma freira, é condenado e preso. Consegue depois fugir da prisão e percorre várias cortes e cidades europeias, coleccionando seduções, paixões e orgias sexuais. A mulher gigante numa feira em Londres, uma cientista na Suíça, uma mulher mecânica em Gotemburgo, por todas se apaixona, até acabar os dias como bibliotecário na Boémia. Este filme é baseado livremente na obra autobiográfica do próprio Giacomo Casanova intitulada “A história da minha vida”.»