janeiro 28, 2005
De ouvido: saxofone colossal
Ora aqui está um belíssimo álbum para aquele tipo de ouvido que quando ouve falar de jazz puxa da pistola. Sonny Rollins no seu melhor. De preferência, ao fim da tarde.
janeiro 27, 2005
Aquele abraço
O Travessias envia daqui um abraço de solidariedade aos nove mil intelectuais, activistas e artistas norte-americanos que, nas páginas do New York Times, assinaram uma "declaração de consciência" em que apelam à mobilização contra o governo de George W. Bush.
Noam Chomsky, Rickie Lee Jones, Ry Cooder, Russel Banks, Lawrance Ferlinghetti e Peter Coyote contam-se entre os milhares que estão contra «guerras criminosas contra países estrangeiros, a tortura, a violação total dos direitos humanos e o fim da ciência e da razão».
Estes americanos esclarecidos sabem do que falam. Ainda hoje, de madrugada, a SIC Notícias exibiu um documentário, de um canal francês, sobre a onda de conservadorismo radical, a roçar o fanatismo religioso, que tem invadido, qual pandemia, alguns estados dos EUA.
O candidato desta gente, que quer impor a decência e os bons costumes pela força da lei e do lóbi, a começar pela censura pura e dura nos media, é, naturalmente, o evangélico Bush, que se acha imbuído de uma visão messiânica para o mundo. Chiça!
O candidato desta gente, que quer impor a decência e os bons costumes pela força da lei e do lóbi, a começar pela censura pura e dura nos media, é, naturalmente, o evangélico Bush, que se acha imbuído de uma visão messiânica para o mundo. Chiça!
janeiro 25, 2005
janeiro 23, 2005
"Nós, os Media"
Ora aí está um livrinho a pedir para ser lido: Nós, os Media, de Dan Gillmor, em boa hora publicado pela Editorial Presença, de quem tomo de empréstimo a sinopse desta obra:
Neste livro,«o foco da atenção incide nas novas possibilidades da Era da Comunicação Global. Actualmente, os grandes media como jornais, canais televisivos, rádio, geralmente propriedade de monopólios, começam a ver os seus poderes ameaçados devido às consequências da crescente facilidade com que se acede à Internet e às ferramentas que ela disponibiliza a custos reduzidos. Invertendo os papéis, esta nova revolução tecnológica, permite que os utilizadores passem a ser eles próprio produtores de notícias e outros conteúdos, dando origem a uma espécie de jornalismo cívico».
«Gillmor analisa este fenómeno com grande clareza e conhecimento de causa, e mostra como é que as salas de conversa (chats), os fóruns, emails e listas de emails, e, acima de tudo, os weblogues, levaram a que o cidadão anónimo possa comunicar em tempo real e em interacção com muitos outros produtores, situados em espaços geográficos diferenciados. (...) Gillmor aprofunda esta dinâmica em múltiplas direcções e questiona as suas possíveis evoluções à medida que forem surgindo tecnologias cada vez mais aperfeiçoadas. Alerta sobre as potencialidades e perigos desta mudança, e o seu impacto sobre as formas de organização da vida social.»
Dan Gillmor's eJournal
Dan Gillmor's eJournal
janeiro 22, 2005
O verdadeiro humorista
Qual Jay Leno qual quê! O verdadeiro humorista da América chama-se Michael Moore e passa hoje, com o seu "show" pertinentemente crítico, divertido e corrosivo, no canal por cabo AXN, às 16 horas.
A televisão dos nossos dias é assim: temos de andar a pescar umas poucas pérolas no meio de toneladas de lama e lixo.
janeiro 20, 2005
Os custos do "lambe-botismo"
Os autarcas Fernando Gomes e Nuno Cardoso deram autênticos festivais de lambe-botismo em relação ao Futebol Clube do Porto quando estiveram à frente da Câmara da Invicta. O primeiro já foi falado para suceder a Pinto da Costa (por que será?). O segundo está a provar o sabor de um ditado por inventar: cá se lambem, cá se pagam.
Citações filosóficas
«A inveja (em Portugal) é mais do que um sentimento. É um sistema. E não é apenas individual: criam-se grupos de inveja.» José Gil Público (16.01.2005)
«A vida quotidiana dos cidadãos está hoje ligada a aparelhos técnicos, estamos a fazer do ser vivo uma espécie de máquina técnica.» Bernard Stiegler in Expresso (15.01.2005)
janeiro 14, 2005
As salas dos milhões
Ora, façamos assim uma contabilidade rápida e rudimentar: as cidades do Porto, Gondomar, Maia, Matosinhos e Vila Nova de Gaia têm, juntas, 64 salas principais de cinema. Em 58 delas, estão a ser exibidos filmes norte-americanos. Basta consultar, por exemplo, o cartaz de cinema de hoje do jornal Público. Em Gondomar e Maia, a ocupação de cinema «made in USA» é de 100 por cento!
Agora, no mesmo jornal, uma espreitadela à programação cinematográfica das televisões nacionais. Dos nove filmes previstos para hoje na RTP1, SIC, TVI, Canal Hollywood e Lusomundo Premium, oito são norte-americanos. Salva-se O Nome da Rosa, uma co-produção entre a Alemanha, a França e a Itália...
Ora, se este panorama absolutista, esmagador de um ponto de vista estético, narrativo, cultural, linguístico e até mental, é bom para as cabecinhas que enchem as salas dos shoppings do Grande Porto e se enterram nos sofás televisivos do país, vou ali e venho já.
Ignacio Ramonet escreveu, há alguns anos, um livrinho, por alguns considerado exagerado e algo «conspirativo», em que denunciava precisamente este lamentável estado de coisas, no cinema, na televisão, na publicidade.
Em Propagandas Silenciosas, o director de Le Monde Diplomatique escreve que «a americanização dos nossos espíritos está de tal maneira avançada que denunciá-la, para alguns, parece cada vez mais inaceitável (...) A americanização penetra-nos pelos olhos. Com a temível eficácia de uma propaganda silenciosa.» E ainda: «Muitos cidadãos europeus são uma espécie de “transculturais”, mistos irreconciliáveis, possuindo um espírito americano numa pele de europeu. (...) O cinema, como se sabe, não contribuiu pouco para este estado de coisas.» O livro merece, inteiramente, uma releitura urgente.
Está na altura de gritar bem alto aos ouvidos dos distribuidores e programadores de cinema aquele slogan célebre dos Monty Python: e agora para algo completamente diferente!
Mas há sempre aquele probleminha do dinheiro, não é?...
Em Propagandas Silenciosas, o director de Le Monde Diplomatique escreve que «a americanização dos nossos espíritos está de tal maneira avançada que denunciá-la, para alguns, parece cada vez mais inaceitável (...) A americanização penetra-nos pelos olhos. Com a temível eficácia de uma propaganda silenciosa.» E ainda: «Muitos cidadãos europeus são uma espécie de “transculturais”, mistos irreconciliáveis, possuindo um espírito americano numa pele de europeu. (...) O cinema, como se sabe, não contribuiu pouco para este estado de coisas.» O livro merece, inteiramente, uma releitura urgente.
Está na altura de gritar bem alto aos ouvidos dos distribuidores e programadores de cinema aquele slogan célebre dos Monty Python: e agora para algo completamente diferente!
Mas há sempre aquele probleminha do dinheiro, não é?...
janeiro 09, 2005
O Parlamento deles
E não é que António Barreto, infelizmente, acerta em cheio?
«Esta semana, o Parlamento foi nomeado. Três cavalheiros, Santana, Sócrates e Portas, nomearam pessoalmente cerca de 80 deputados. Visto de outro modo, mais ou menos 5.000 pessoas dos cinco partidos, reunidas em comissões locais ou nacionais, nomearam 190 deputados, ou seja, a quase totalidade do Parlamento que entra em funções dentro de seis semanas.» (in Público, 9.01.2005)
janeiro 07, 2005
Oportunistas de poder
A forma oportunista e populista como os dois partidos "de poder" (PSD e PS) elaboram as suas listas, propondo-nos o voto em figuras, ora gastas, ora gritantemente ineptas para o serviço à causa pública, é vergonhosa. Um convite ao voto em branco, à abstenção, ao voto nos pequenos partidos. Um belo contributo mais para a alienação dos cidadãos em relação à política.
Estes republicanos e democratas à moda lusitana deixam muito a desejar. O problema é que, com os seus erros de palmatória, perdemos nós todos.
Estes republicanos e democratas à moda lusitana deixam muito a desejar. O problema é que, com os seus erros de palmatória, perdemos nós todos.
janeiro 02, 2005
40 segundos
O filme de fim de tarde da SIC, sobre a história de um gigolo de ocasião chamado Bigelow, teve direito a uma daqueles avisos que corre na parte superior do ecrã: por motivos técnicos o telejornal iria sofrer um atraso de 40 segundos. Ena! 40 segundos!
Para o comum dos telespectadores, 40 segundos não é nada, o aviso torna-se absolutamente redundante. Para quem vive obcecado com a concorrência, com as flutuações das audiências, com o pânico do zapping, 40 segundos é uma infernal eternidade.
Subscrever:
Mensagens (Atom)