fevereiro 07, 2004

Democracias no cadafalso

A palhaçada da invasão forçada do Iraque começa, finalmente, a ser aceite como tal, até pelos mais seguidores (seguidistas?) das pias intenções de Bush, Blair e o resto dos coligados por interesse ou mera falha de coluna vertebral. Já não há maneira de mascarar aquilo que foi um erro político, táctico e geoestratégico crasso. Não basta agora atirar a água do capote para cima dos serviços secretos. Alguém andou a brincar às armas de destruição maciça com o povo, mas é de duvidar que tenha sido a CIA ou o MI5...


Esta charada de enorme alcance tem, para além dos efeitos que já se conhecem (aumento, em vez de diminuição, do terrorismo, desestruturação total de um país e efeitos colaterais nefastos em toda a região, etc.) um impacto devastador na já de si cínica relação entre governantes e governados, sobretudo nos países promotores desta guerra cega e insensata.


Se chefes de Estado ou de governo embarcam com esta leviandade em aventuras brutalmente estúpidas, se, à vista de todos, se recusam a ver o mais óbvio, se provocam milhares de mortes em vão, se mentem com quantos dentes têm para atingir objectivos obscuros, ainda por cima convencidos de que estão a fazer uma grande coisa, que há-de ser de nós, pobres cidadãos do mundo?


É este tipo de gente que põe as democracias no cadafalso.