abril 27, 2008
abril 17, 2008
Ensaio fotográfico sobre locomotiva decadente
(dicas para visualização: clicar com o rato sobre as fotos para zoom; avançar o ecrã para a direita clicando sobre a seta; ver, de preferência, em modo "full screen").
abril 16, 2008
abril 13, 2008
Noite na Terra
As personagens principais de Noite na Terra são actores secundários na vida. Giram no lado B da sociedade. Vivem e sonham acordados enquanto as cidades dormem. Jarmusch gosta delas (e nós, no final do filme, vamos pelo mesmo caminho). Entrega-lhes o palco principal. Leva-nos a ver com outros olhos os desafortunados, como, aliás, já fizera em Vencidos pela Lei.
Cinco cidades, cinco taxistas. O sonho da taxista de Los Angeles (Winona Ryder) é ser mecânica de automóveis, tal como os seus irmãos. Mesmo quando lhe oferecem de bandeja a possibilidade de ser actriz de cinema em Hollywood.
O taxista de Nova Iorque é um alemão de leste (Armin Mueller-Stahl), um ex-palhaço. Pega pela primeira vez no táxi e mal sabe conduzir. Está-se a marimbar para dinheiro. Vê felicidade nas coisas mais simples. Diverte-se como uma criança, ingénuo numa cidade ameaçadora.
O taxista de Paris é um negro que apenas quer ser respeitado. A sua passageira da noite, que lhe vai desfazer alguns preconceitos, é cega, diz que vai ao cinema para "sentir os filmes" (lindo) e passeia-se junto ao Sena, madrugada fora.
O de Roma é um total passado dos carretos encarnado por Roberto Benigni (só podia ser ele). O padre que leva atrás acaba por ter um ataque cardíaco fatal, ajudado por uma confissão do taxista sobre as suas primeiras experiências sexuais, que haviam envolvido uma abóbora e uma ovelha chamada Lola...
O taxista de Helsínquia tem uma história deprimente para contar a um grupo de amigos bêbados e falhados que lhe entra no táxi, numa noite gélida de neve. O filme acaba aqui, simbólica e melancolicamente, no amanhecer ressacado de um novo dia.
Tom Waits, aquele que canta que o piano é que andou a beber, não ele, toma conta da banda sonora:
abril 10, 2008
abril 04, 2008
abril 03, 2008
Chegar a Purcell pela voz de Nomi
Haverá muitas maneiras de chegar à música de Henry Purcell (1659-1695), um dos expoentes do barroco inglês. Pela voz do alemão Klaus Nomi será, certamente, uma das mais improváveis.
Nomi, com a sua voz aguda, quase de castrato, foi um objecto meio alienígena no panorama musical do início dos anos 80. Misturava rock com disco e metia temas clássicos e ópera pelo meio. Vestia roupas estranhas, puxava pela maquilhagem e dava espectáculos bizarros. Um tipo interessante, portanto. Foi uma das primeiras pessoas famosas no meio a morrer de Sida, em 1983. Deixou apenas três álbuns editados.
Num deles, Encore!, está incluída uma passagem, absolutamente magnífica, da semi-ópera King Arthur, de Purcell. Neste vídeo, vemos um Klaus Nomi já debilitado pela doença interpretar Cold Song, onde, no final, é cantada a frase «Let me, let me, Freeze again to death!». Nomi morreria seis meses depois:
(dica de Naná)
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