Já é bem conhecido o movimento internacional "slow food", que defende a boa comida tradicional contra a avassaladora "fast food" de plástico e gorduras em excesso. Comer não é apenas deglutir apressadamente. É também um ritual de degustação e prazer. E assim é que está certo. Viva a "comida lenta", portanto.
Depois de ler uma notícia que vem hoje no Público, acerca de dois jornalistas de investigação veteranos - conhecidos por publicarem pouco mais de duas grandes estórias por ano, algumas galardoadas com o prémio Pulitzer - dispensados pela revista norte-americana Time, fico com vontade de subscrever um abaixo-assinado a favor da criação do movimento "slow journalism".
"Slow jornalism": jornalismo com o tempo que for preciso para investigar a sério uma boa estória. Jornalistas com gosto pela degustação do rigor, do pormenor, da profundidade, da persistência, da descoberta daquilo que outros querem esconder do (bem) público. Jornalismo de "chefes de mesa" com a espinha no sítio para aguentar a pressão do piri-piri das manchetes. Jornalismo nos antípodas do "fast journalism" que por aí abunda, gordo mórbido de notícias requentadas, de press-releases encapotados e de fretes consumados.