agosto 23, 2006

Café e Cigarros

Fumar em espaços fechados onde estão pessoas que não fumam é irresponsabilidade e grosseira falta de educação. Ponto. Qualquer fumador com dois dedos de testa concorda com restrições ao fumo em hospitais, empresas, restaurantes, comboios, aviões, recintos desportivos, etc.. Agora, alto lá com a paranóia que por aí anda à solta quanto à representação do tabaco na arte.

Proibir actores de fumar em palco (como representar Churchill sem o charuto?), apagar cenas de filmes em que a actriz fuma, trocar, em desenhos animados clássicos, uma caixa de cigarros por um colar ou riscar o cigarro do Tom atrás do Jerry é, em rigor, censura a um acto criativo e uma violação de um dos direitos do autor, que é o de ver respeitada a integralidade da sua obra. Ora, isso é, a todos os títulos, inadmissível.

Pelo andar da carruagem, daqui a uns tempos proíbem a exibição de Café e Cigarros, de Jim Jarmusch. O filme é todo ele feito à volta de café, cigarros e figuras conhecidas da música e do cinema (Roberto Benigni, Bill Murray, Tom Waits, Iggy Pop) em situações algo bizarras e divertidas.

Filmado a preto e branco, é uma proposta (como se diz na moda) muito interessante. Passa-se um bom bocado de cinema que, sem o fumo e a cafeína, não poderia pura e simplesmente existir.

Há, certamente, maneiras mais razoáveis de lidar com a infantilidade imitativa do homo sapiens.