A TV Cabo está cada vez mais pimba, vergada ao popularucho mais asqueroso, com laivos de esoterismo de pechisbeque. Agora dá antena, ou melhor, cabo, a todo o tipo de vendedores da banha da cobra.
A machadada mais recente foi acabar com o canal GNT, que ainda conservava alguma decência na programação, e substituí-lo por uns apresentadores aprumadinhos de risca ao meio, que só de ver assusta.
Kama Sutra, tarot, cartomancia, misticismo, tudo o que esteja bem longe da razão, é o que está a dar. É sabido que, como dizia outro, Deus morreu e Marx também. Mas convém não exagerar.
Um zapping noctívago pelos canais da TV Cabo é uma experiência deprimente. Não dá nada de jeito. Salva-se um ou outro canal, com a BBC World e o Mezzo à cabeça. E lá se foi, há muito, esse bom luxo de minorias que era o Arte. O dinheiro, como se sabe, não vai com a cara das minorias. E era nisto que Pacheco Pereira devia pensar um pouco antes de defender a ideia absurda de privatizar tudo quanto é canal em Portugal.
Pouco há a esperar. A lógica das audiências lucrativas é implacável. Telespectador é mero número burro para fazer monte. Portanto, o mínimo agora é fazer como o Jesualdo e mudar de clube. Ou então sair para o terraço e contemplar as estrelas de Agosto.