É um passeio pela história pessoal e política de François Mitterrand, mas é também a história de um jovem jornalista confrontado com a tarefa esmagadora de escrever as memórias daquele que foi uma das maiores figuras da história da França do século XX.
Donde, Uma Viagem pela história, realizado por Robert Guédiguian, pode ser visto através de dois ângulos, ambos estimulantes: o político e o jornalístico.
De Mitterrand, o essencial é mostrado ou sugerido ao longo do filme: o passado político rico e nebuloso, a filha "clandestina", a personalidade forte e culta, a luta política feroz, incluindo com a sua própria família política, etc..
Já o jovem jornalista, empregado numa revista, é uma personagem hesitante, assustada e indecisa perante a figura do presidente da República. A tarefa de o biografar absorve-o de tal modo que acaba por se divorciar. Oscila entre o deslumbramento pela figura de Mitterrand e o imperativo profissional de o confrontar com a "verdade", sobretudo em relação ao passado de alegadas ligações ao regime de Vichy.
O filme, ao contrário do que se poderia supor, não é esmagado pela figura de Mitterrand (interpretado, de forma brilhante, por Michel Bouquet). O realizador opta por dar espaço também à personagem do jornalista. E às suas contradições.