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Donde, Uma Viagem pela história, realizado por Robert Guédiguian, pode ser visto através de dois ângulos, ambos estimulantes: o político e o jornalístico.
De Mitterrand, o essencial é mostrado ou sugerido ao longo do filme: o passado político rico e nebuloso, a filha "clandestina", a personalidade forte e culta, a luta política feroz, incluindo com a sua própria família política, etc..
Já o jovem jornalista, empregado numa revista, é uma personagem hesitante, assustada e indecisa perante a figura do presidente da República. A tarefa de o biografar absorve-o de tal modo que acaba por se divorciar. Oscila entre o deslumbramento pela figura de Mitterrand e o imperativo profissional de o confrontar com a "verdade", sobretudo em relação ao passado de alegadas ligações ao regime de Vichy.
O filme, ao contrário do que se poderia supor, não é esmagado pela figura de Mitterrand (interpretado, de forma brilhante, por Michel Bouquet). O realizador opta por dar espaço também à personagem do jornalista. E às suas contradições.