Espanha, aqui bem ao lado, distancia-se a passos largos do seu acanhado e trôpego vizinho ibérico. Em termos económicos, políticos (sobretudo no espaço da União Europeia, mas não só) e civilizacionais.
Zapatero está a fazer muito daquilo que Aznar gostaria de fazer quando fôr grande e que Sócrates desejava pôr em prática se tivesse país para isso. Hoje, o presidente do Governo espanhol venceu uma batalha difícil contra o preconceito, a mesquinhez, o conservadorismo simplório de boa parte da direita e da igreja do seu país: conseguiu fazer aprovar no Congresso a modificação do código civil que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo, com direitos iguais aos casais heterossexuais, incluindo a adopção. Aznar, em casa, deve ter-se benzido, naturalmente.
É preciso uma enorme dose de coragem política e uma visão assaz moderna do exercício do poder ao mais alto nível para chegar a um ponto de maturidade destes. Zapatero já havia provado a sua fibra ao lembrar à toda poderosa igreja que o Estado espanhol é laico, algo que Aznar se havia esquecido quando passeou pelos corredores do poder em Madrid.
Zapatero tem dado sinais claros de que, não só percebe os ventos da história, como não tem medo de adequar a política a uma sociedade cada vez mais complexa, heterodoxa, multiforme, imprevisível, em permanente recomposição. Escusado será dizer que estas novas realidades são um tremendo pesadelo para conservadores.
Nós por cá, entretanto, lá vamos oferecendo à Europa o espectáculo único do julgamento em tribunal de mulheres por aborto, ao mesmo tempo que nos diluímos no mapa europeu a 25 e nos vamos afundando alegremente de défice em défice, de incompetência em incompetência, de cobardia em cobardia.
Sócrates deve ficar roxo de inveja quando ouve Zapatero dizer coisas tão simples como esta: «porque una sociedad decente es aquella que no humilla a sus miembros».
É preciso uma enorme dose de coragem política e uma visão assaz moderna do exercício do poder ao mais alto nível para chegar a um ponto de maturidade destes. Zapatero já havia provado a sua fibra ao lembrar à toda poderosa igreja que o Estado espanhol é laico, algo que Aznar se havia esquecido quando passeou pelos corredores do poder em Madrid.
Zapatero tem dado sinais claros de que, não só percebe os ventos da história, como não tem medo de adequar a política a uma sociedade cada vez mais complexa, heterodoxa, multiforme, imprevisível, em permanente recomposição. Escusado será dizer que estas novas realidades são um tremendo pesadelo para conservadores.
Nós por cá, entretanto, lá vamos oferecendo à Europa o espectáculo único do julgamento em tribunal de mulheres por aborto, ao mesmo tempo que nos diluímos no mapa europeu a 25 e nos vamos afundando alegremente de défice em défice, de incompetência em incompetência, de cobardia em cobardia.
Sócrates deve ficar roxo de inveja quando ouve Zapatero dizer coisas tão simples como esta: «porque una sociedad decente es aquella que no humilla a sus miembros».