Quando vi um porreiro entrar na sala com um copo de cerveja na mão, algo me disse que o concerto não ia correr bem. E não correu mesmo. Um público histérico, barulhento, infantil, que, por vezes, parecia ter sido tirado à pressa de um concerto do Quim Barreiros no queimódromo, conseguiu dar cabo do intimismo da música de Antony.
O Coliseu do Porto é grande e frio. Ao contrário do Theatro Circo, em Braga, pequeno e acolhedor, e onde Antony deu, faz tempo, um concerto absolutamente memorável. Ali, música, músicos e público estiveram em sintonia perfeita, respeitando-se, ouvindo-se ao pormenor. Ontem à noite, de urros a flashadas constantes, passando por palermas a atender telemóveis e por bocas de refinado mau gosto atiradas ao músico, houve de tudo. Para esquecer.
Dá vontade de parafrasear o próprio Antony:
«I need another place
Will there be peace?
I need another world
This one's nearly gone».