Wim Mertens esteve duas horas sozinho, ao piano, no palco do belo Theatro Circo, em Braga. Na plateia, tirando um ou outro dorminhoco do costume, os fãs do músico belga não regateavam aplausos entusiásticos no final de cada tema. Eram poucos, mas verdadeiros apreciadores, os que lá estiveram no sábado passado.
Em termos de visibilidade mediática (notícias, críticas), tratou-se de um concerto quase clandestino. Mertens não é
indie nem é
heavy. Alguns situam-no entre o
new age (coisa horrorosa de se dizer) e o minimalimo. Tem, pois, vida difícil nos dias
noise que correm. O All Music Guide despacha-o com um parágrafo de biografia.
O álbum
Un Respiro, mais um (de uma vasta discografia) em que Mertens recorre ao falsete da voz para complementar o seu pianismo peculiar, foi o mais tocado neste concerto.
Cito o blogue do Theatro Circo: «Em “Un Respiro” ouvimos a paixão de Mertens pela voz, que apresenta não como um instrumento mas como guia para o piano, procurando sempre e apenas a expressão pura. “Un respiro” é o sexto álbum de estúdio como pianista/cantor a solo. Através deste seu novo trabalho, podemos sentir como, actualmente, o processo de composição pode estar fortemente associado à própria performance; tal como a performance e o acto de cantar/tocar são inseparáveis e acabam por criar um único evento.»
A parte final serviu para adocicar os aplausos. Mertens tocou temas de álbuns mais "acessíveis", como
Jardin Clos. Perdi a conta aos
encores.
A ver e ouvir:
Página oficial de Wim Mertens
Wim Mertens ao vivo (YouTube)"Un Respiro" (Imeem)