«Despertar noutro ser humano poderes e sonhos além dos seus; induzir nos outros um amor por aquilo que amamos; fazer do seu presente interior o seu futuro: eis uma tripla aventura como nenhuma outra.» George Steiner
É um verdadeiro portento o filme de estreia de Leos Carax. Então com apenas 22 anos (1984), o jovem realizador francês irrompe na Sétima Arte com Paixões Cruzadas, uma obra inesperadamente madura, quer do ponto de vista do argumento, quer do ponto de vista narrativo. O domínio do preto e branco revela-se espantoso. Nesta sequência, filmada numa ponte de Paris, à noite, ouvimos David Bowie, num dos seus registos de início de carreira, "When I Live my Dream". Este é dos tais momentos (e filmes) para mais tarde recordar.
As palavras do segundo andamento da sinfonia No. 3 (Symphony of Sorrowful Songs), de Henryk Górecki, foram retiradas de uma oração escrita na parede de uma prisão da Gestapo, em 1944, por Helena, rapariga polaca de 18 anos.
Este tocante Lento e largo - Tranquillisimo foi incluído no filme Holocaust - A Music Memorial Film from Auschwitz, produzido, em 2005, para televisão. Pela primeira vez desde a libertação deste campo de concentração, ouviu-se música neste espaço de memória tenebrosa.
«Vive-se uma era em que todas as esferas da vida social e individual se encontram, de uma forma ou de outra, reorganizadas segundo os princípios da ordem consumista.»
«Na sociedade de hiperconsumo, até a espiritualidade se compra e vende. Se é verdade que a reemergência pós-moderna do religioso exprime um certo desencanto face ao materialismo da vida quotidiana, verifica-se também que o fenómeno é cada vez menos alheio à lógica comercial. A espiritualidade tornou-se mercado de massas, produto a comercializar, sector a gerir e a promover.»
«Adivinha-se no horizonte, não a aniquilação dos valores e sentimentos, mas, num cenário mais prosaico, a desregulação das existências, a vida sem protecção, a fragilização dos indivíduos. A sociedade do hiperconsumo é contemporânea da espiral de ansiedade, das depressões, das carências ao nível do amor-próprio, da dificuldade em viver.»
Ele há maestros de batuta ansiosa. Quando se trata de dirigir a fabulosa abertura Egmont, de Beethoven, alguns parecem mesmo estar com pressa de ir apanhar o comboio, impondo uma cadência nos ataques iniciais que sufoca a indispensável respiração dos silêncios.
Os célebres Herbert von Karajan e Leonard Bernstein não se incluem nesta categoria de maestros em hora de ponta. Sabem dosear, na perfeição (pelo menos, para os nossos ouvidos), o majestático e o sibilino, a trovoada e a bonança, tão típicos em Beethoven.
De Karajan, pode-se confirmar isto mesmo numa gravação, de 1985, para a Deutsche Grammophon, à frente da Berliner Philarmoniker. Para ouvir com o volume bem alto. O álbum inclui ainda as aberturas das óperas Coriolano e Fidelio.
No YouTube, e apesar das limitações de intensidade e volume, podemos ficar aqui com uma ideia da maestria de Bernstein na condução de Egmont à frente da Wiener Philharmoniker: