janeiro 30, 2006

De olhares

A próxima vez que me perguntarem qual é a minha religião (coisa que, aliás, hoje ninguém pergunta, receando talvez a resposta), respondo com aquela frase do personagem do filme Exílios, de Tony Gatlif: «A minha religião é a música».

Por causa desta religião, nunca houve nenhuma guerra.

janeiro 13, 2006

De olhares: Ivan, o Terrível


Esta não é apenas uma imagem de marca de Eisenstein. É uma marca que fica.

janeiro 06, 2006

Agora, um pássaro

Meio a sério, meio a brincar, há quem diga que quando ouve Antony cantar fica com vontade de cortar os pulsos.

Não é, definitivamente, caso para tão desesperado acto, mas Antony tem, de facto, uma voz que puxa sobremaneira para o lado do trágico. Um trágico abismal em que pouco demoramos a mergulhar, sem grandes resistências, diga-se de passagem.

Os dois únicos álbuns desta figura exótica, dilacerada por ambiguidades de natureza sexual, foram uma das melhores descobertas melómanas de 2005. Chegaram por mão amiga, estava já 2006 à vista. E conquistaram aqui a casa num fósforo de uma lareira.

Estilo? Recorro à ajuda do All Music Guide: pop de câmara, cabaret. Com Lou Reed e Rufus à mistura, no belíssimo I'm a bird now.

Antony and the Johnsons: um nome a fixar, seguir e ouvir. Mais vale tarde que nunca...

janeiro 03, 2006

Votos impressos para 2006

Em 2006, gostava que os jornais portugueses que leio (Público, DN e Expresso à cabeça) fizessem mais jornalismo de investigação (já ouço as gargalhadas do pessoal nas redacções...); contextualizassem melhor os assuntos; me chapassem muito menos com o telejornal da noite anterior nas páginas; mandassem a agenda das conferências de imprensa e dos bitaites dos políticos de serviço às malvas; mandassem alguns colunistas profundamente chatos, nuns casos, e altamente duvidosos, noutros casos, dar uma volta ao bilhar grande do 24 Horas, esse excelente diário de trágica qualidade; apostassem, a sério, na reportagem fotográfica e na infografia; abandonassem de vez as tentações fashion, people e de humor de pechisbeque, do tipo que o Expresso faz na sua Revista; abrissem as páginas a novas áreas temáticas.

Enfim, já sei, são votos de um simples leitor. Do outro lado, isso exigiria bons "patrões", bons directores, bons editores, bons repórteres... E, do lado de cá, bons leitores, claro.

Mas esse país assim ainda está por inventar.